BTG, Santander e Bradesco são os mais afetados pela crise da Americanas, diz XP

Bancos brasileiros com maior exposição relativa à dívida da Americanas deverão ver seus lucros e rentabilidade pressionados temporariamente

Instituição financeira está entre as de maior exposição relativa à dívida da Americanas
25 de Janeiro, 2023 | 04:35 PM

Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) deverá ser o banco brasileiro mais impactado pela crise da Americanas (AMER3), segundo relatório divulgado pela XP Investimentos nesta quarta-feira (25).

A avaliação é de que o maior provisionamento no curto prazo não deve apenas reduzir marginalmente os índices de capital do banco, mas também pressionar temporariamente seus lucros e rentabilidade.

Depois do BTG, Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) também deverão ser negativamente afetados, já que são os bancos com maior exposição relativa à dívida da Americanas, escrevem os analistas Renan Manda e Matheus Guimarães, da XP.

Considerando o provisionamento recomendado em casos semelhantes para estimar os impactos nas provisões e nos ICPs (Índice de Capital Principal ou CET1), os analistas estimam um impacto em torno de 20% a 30% do lucro líquido para as três instituições financeiras.

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A análise considera os devedores listados nos documentos de recuperação judicial da Americanas, divulgados na noite de terça-feira (24), que apontaram para um passivo total de R$ 41,2 bilhões devidos a quase 8 mil credores. O dado diverge dos números apresentados pela varejista no pedido de recuperação judicial, que apontava uma dívida estimada de R$ 43,1 bilhões com 16.300 credores.

Segundo a lista entregue pela Americanas à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, o BTG Pactual tem créditos de cerca de R$ 3,51 bilhões com a varejista, enquanto Santander soma R$ 3,65 bilhões e Bradesco, R$ 4,8 bilhões, além dos R$ 5,13 milhões do Bradesco Saúde.

Nos cálculos da XP, a exposição em relação ao percentual do portfólio é de 2,4%, para o BTG Pactual, de 0,6%, para o Santander, e de 0,5%, no caso do Bradesco.

Por outro lado, a XP avalia que o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Banco do Brasil (BBAS3) deverão ser os menos afetados, com pouco impacto em seus resultados (menos de 10% do lucro líquido). Isso porque o percentual do portfólio equivale a 0,2% e 0,1%, respectivamente.

Manda e Guimarães ressaltam que os bancos podem optar por provisionar esse valor já no balanço do quatro trimestre de 2022 (como evento subsequente) ou nos resultados do primeiro trimestre deste ano.

“Provisões adicionais do valor remanescente poderão ser constituídas nos trimestres seguintes caso o novo cronograma de pagamentos da empresa sofra atrasos ou caso os bancos façam rebaixamentos adicionais em sua classificação de risco”, escreve a dupla de analistas.

A XP reiterou a visão positiva e as recomendações de compra (aposta na alta) tanto para as ações do Itaú Unibanco, com preço-alvo R$ 34, quanto para as de Banco do Brasil, com preço-alvo estimado de R$ 61.

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Caso isolado

Na semana passada, o Citi também divulgou relatório no qual estimava o tamanho do impacto nas instituições financeiras, com projeção de um impacto de 1% a 7% no lucro líquido dos bancos brasileiros por causa do episódio da varejista.

Segundo os analistas, contudo, o caso da Americanas deve ser visto como uma situação isolada e com impacto limitado sobre o setor bancário brasileiro.

“Reiteramos nossa visão de que o caso da Americanas é mais um caso isolado do que uma tendência entre companhias, com impacto limitado sobre o setor bancário”, diz o relatório da equipe liderada por Rafael Frade.

Nesta quarta (25), as ações do Bradesco recuavam cerca de 0,9% na B3 por volta das 16h (horário de Brasília), enquanto as de Santander cediam 0,2% e as de Itaú Unibanco, 0,12%. Já as ações do BTG Pactual e Banco do Brasil subiam 1,8% e 2,8%, respectivamente.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.