Mercado Livre tem melhor começo de ano na bolsa com crise da Americanas

Questionamentos de vendedores da Americanas diante de recuperação judicial aumentam o poder de barganha do Mercado Livre, diz Goldman Sachs

As ações da varejista de e-commerce e fintech com sede em Buenos Aires sobem cerca de 31% este ano
Por Vinícius Andrade
25 de Janeiro, 2023 | 12:04 PM

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Bloomberg — O colapso da rede varejista Americanas (AMER3) está beneficiando o preço das ações do Mercado Livre, que deve reportar seu melhor mês de janeiro desde que a empresa abriu o capital, em 2007.

As ações da varejista de e-commerce e fintech com sede em Buenos Aires sobem cerca de 31% este ano com otimismo de que a empresa ganhará participação de mercado depois que sua rival brasileira entrou com pedido de recuperação judicial em meio a R$ 43 bilhões em passivos.

As empresas que vendem mercadorias por meio da Americanas agora podem questionar seu relacionamento com a varejista, aumentando potencialmente o poder de barganha do Mercado Livre, de acordo com analistas do Goldman Sachs (GS) liderados por Irma Sgarz.

Segundo o banco, alguns fornecedores brasileiros já estão ajustando suas condições com a Americanas, e os vendedores também retiraram promoções ou aumentaram preços devido ao cenário incerto. “Vemos uma oportunidade para valorização das ações”, escreveu Sgarz, em nota datada de 23 de janeiro.

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A ação também ganha impulso à medida que os investidores veem com otimismo o fim do ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos e começam a considerar uma possível mudança política na Argentina, o segundo maior mercado da empresa, que deve realizar eleições presidenciais em 2023, de acordo com Malcolm Dorson, gerente de portfólio da Mirae Asset Global Investments em Nova York.

“As ações dos mercados emergentes estão recebendo muita oferta, e esta é a favorita do mercado”, disse Dorson, que detém ações do Mercado Livre desde 2019. “Espero que o ímpeto dos resultados financeiros continue.”

O Mercado Livre já vinha ganhando mercado no Brasil antes dos problemas da Americanas, quando a empresa começou a colher os frutos de anos de pesados investimentos para desenvolver sua malha logística. No ano passado, por exemplo, conseguiu aumentar suas vendas na Black Friday, enquanto a maioria de seus concorrentes sofreram quedas.

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A expectativa é de que o lucro líquido da empresa atinja um recorde de US$ 3 bilhões no quarto trimestre, ante US$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre, de acordo com estimativas do consenso Bloomberg. O volume bruto de mercadorias e o volume total de pagamentos devem ser de US$ 9,4 bilhões e US$ 35,6 bilhões, respectivamente.

“Se você olhar para o e-commerce global, muito poucos players criaram um ecossistema com a amplitude e a qualidade que o MELI criou”, disse Ignacio Arnau, gerente de fundos da Bestinver Asset Management, com sede em Madri, cujas ações do Mercado Livre respondem pela maior fatia do fundo da casa.

“No Brasil, eles continuam se distanciando dos demais, e toda a derrocada da Americanas deve ajudá-los a acelerar seu crescimento e manter sua posição de liderança.”

-- Com a colaboração de Ricardo Strulovici Wolfrid.

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