Gestora de ativos estressados, Jive planeja levantar R$ 5 bi para novo fundo

Embora as oportunidades sejam muitas, levantar capital estrangeiro tem sido mais difícil, disse a gestora de R$ 17,1 bi à Bloomberg News

Jive House, projeto da gestora Jive Investments, especializada em real estate e distressed assets
Por Cristiane Lucchesi - Vinícius Andrade
20 de Julho, 2023 | 09:57 AM

Bloomberg — A Jive Investments, maior gestora de ativos alternativos do Brasil, planeja levantar até R$ 5 bilhões este ano para um novo fundo de forma a aproveitar as oportunidades criadas por um número crescente de empresas em dificuldades.

O fundo “Jive Distressed and Special Situation IV” está investindo em créditos de empresas de médio e grande porte, disputas judiciais, precatórios e imóveis problemáticos, já que o crédito escasso, as altas taxas de juros e a fraca geração de fluxo de caixa aumentam o número de empresas em recuperação judicial no Brasil.

“Há muitas oportunidades agora, diversas empresas grandes em situação difícil, precisando ajustar seu balanço, e para cada uma delas temos outros 10 fornecedores menores sofrendo”, disse Guilherme Ferreira, um dos sócios fundadores da Jive, em entrevista à Bloomberg News.

“E na nossa visão haverá outros casos, porque a economia não está crescendo e o custo do financiamento continuará alto mesmo que os juros básicos comecem a cair um pouco.”

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O número de empresas que entraram com pedido de recuperação judicial cresceu 50% este ano até maio, de acordo com os dados mais recentes disponíveis da Serasa Experian.

Embora as oportunidades sejam muitas, levantar dinheiro de investidores internacionais tem sido mais difícil do que para os três fundos de ativos estressados anteriores da empresa, disse Ferreira.

Isso porque existem muitas opções de investimentos com retorno semelhante em países desenvolvidos, disse. As recuperações judiciais nos Estados Unidos nos primeiros seis meses de 2023 estão no nível mais alto desde 2010 entre as empresas cobertas pela S&P Global Market Intelligence.

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Levantar dinheiro no Brasil também tem apresentado seus próprios desafios, já que a indústria de fundos lida com fluxos de saída recordes.

Ainda assim, disse Ferreira, a Jive conseguiu levantar R$ 2,7 bilhões de investidores no primeiro semestre do ano.

O fundo já conta com dois investidores institucionais de destaque: a International Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, investiu US$ 125 milhões e um fundo soberano, cujo nome ele não quis revelar, investiu outros US$ 125 milhões, oferecendo mais US$ 125 milhões para fazer coinvestimentos com o fundo.

Com investidores brasileiros, o fundo IV captou R$ 1,3 bilhão.

Com R$ 17,1 bilhões em ativos sob gestão, a Jive vem diversificando a distribuição depois que a XP, a maior corretora do Brasil, junto com cerca de 20 dos ricos clientes de private banking do Credit Suisse, comprou uma participação minoritária na empresa em junho de 2021.

Também está diversificando os produtos, tendo lançado um fundo de crédito de alta rentabilidade, chamado BossaNova, e um fundo de previdência, chamado Soul. No ano passado, a Jive anunciou uma fusão com a gestora Mauá Capital, especializada em fundos imobiliários, e está em busca de outras oportunidades de aquisição.

A Jive tem 259 funcionários e também presta serviços de recuperação de crédito para clientes, como fundos de pensão e corporações, e ajuda os clientes a regularizar os imóveis problemáticos.

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Além do novo fundo de ativos inadimplentes, lançou um fundo de infraestrutura e outro que compra terras que são usadas para pastagens e as transforma em terras agrícolas.

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