Larry Fink, da BlackRock, alerta que mercado precifica cortes demais nos juros

Executivo à frente da maior gestora do mundo diz à Bloomberg TV que a economia americana continua a crescer, o que sinaliza que o Fed não terá razões para ser tão agressivo

Larry Fink, chief executive officer of BlackRock Inc
Por Anchalee Worrachate - Loukia Gyftopoulou
01 de Outubro, 2024 | 10:02 AM

Bloomberg — O CEO da BlackRock, Larry Fink, disse que o mercado tem precificado cortes demais nas taxas de juros do Federal Reserve, dado que a economia dos EUA continua a crescer.

“Não vejo nenhuma aterrissagem”, disse Fink a Francine Lacqua, da Bloomberg Television, em entrevista nesta terça-feira (1 de outubro) à margem da conferência Berlin Global Dialogue 2024.

“A quantidade de flexibilização que está [implícita] na curva futura é uma loucura. Acredito que há espaço para mais flexibilização, mas não tanto quanto a curva futura indicaria.”

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Os mercados monetários indicam que há uma chance em três de o Fed realizar outro corte de meio ponto em novembro e precificar um total de cerca de 190 pontos base de flexibilização até o fim do próximo ano.

Mas Fink disse que é difícil ver esse cenário se materializar, uma vez que a maioria das políticas governamentais no momento tem efeito mais inflacionário do que deflacionário.

Fink disse esperar que a economia dos EUA continue a crescer em um ritmo de 2% a 3%. “Há segmentos da economia que estão indo muito bem. Passamos muito tempo nos concentrando nos segmentos que estão indo mal”, disse ele.

O Fed reduziu os custos de empréstimos em meio ponto percentual em setembro, para o intervalo de 4,75% a 5,00%, para preservar a força da economia dos EUA à medida que aumentam os riscos para o mercado de trabalho. Foi a primeira redução desde 2020 e um movimento maior do que o habitual.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse na segunda-feira (30) que o banco central reduzirá as taxas de juros “ao longo do tempo” e enfatizou que a economia geral dos EUA permanece em bases sólidas. Ele também reiterou sua confiança de que a inflação continuará a se mover em direção à meta de 2%.

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Investimento em infraestrutura em alta

Fink disse ver capital suficiente no setor privado para financiar investimentos em infraestrutura, que é um componente importante para ajudar a estimular o crescimento econômico.

A BlackRock, a maior gestora do mundo, com cerca de US$ 10,65 trilhões em ativos ao fim de junho, tem se empenhado agressivamente no financiamento da infraestrutura, ao mesmo tempo em que aumenta a sua incursão na lucrativa classe de ativos dos mercados privados.

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"Há capital suficiente no setor privado para que possamos financiar esses novos projetos e, portanto, para mim, esse é o início de uma nova realidade que verá a ampliação do investimento público e privado em infraestrutura", disse ele.

À medida que a economia se expande, Fink disse que os lucros corporativos terão um bom desempenho e, apesar das avaliações de ativos e de algumas questões geopolíticas, o mercado não enfrenta nenhum risco sistêmico real. Ele disse que as eleições nos EUA raramente causam um grande impacto sobre os ativos, apesar de todo o ruído da mídia e de especialistas em torno do assunto.

“Vemos repetidamente todos os anos, a cada quatro anos, quando temos uma eleição, que todo mundo diz que ela causará uma mudança dramática no mercado. Mas, com o tempo, isso não acontece”, disse Fink.

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Laços com a China

O executivo disse que as empresas ocidentais deveriam reavaliar seus laços com a China à luz de seu apoio à economia russa. A BlackRock foi a primeira empresa estrangeira a iniciar um negócio de fundos mútuos de propriedade integral na China, há três anos, e enfrentou uma investigação por parte dos legisladores norte-americanos em relação a alguns de seus investimentos no país.

"O maior apoiador da Rússia e apoiador fundamental da economia russa é a China. E isso tem que ser pelo menos discutido", disse ele. "Não estou aqui para fazer julgamentos, mas não acredito que tenha havido uma avaliação suficiente."

Fink também pediu que a Europa continue a unificar seu mercado bancário, mas não comentou sobre uma possível combinação do alemão Commerzbank com o italiano UniCredit, que tem montado uma posição no concorrente. A BlackRock é a maior investidora do UniCredit e a terceira maior do Commerzbank.

- Com a colaboração de Steven Arons e Marion Dakers.

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