Inteligência artificial criará paradigma para buscas, diz CEO da Microsoft

Satya Nadella afirma em entrevista à Bloomberg News que uso do sistema do ChatGPT significa uma corrida pela inovação nas pesquisas por informação

Microsoft podría volver a destronar a Apple como la compañia más valiosa del mundo.
Por Dina Bass
11 de Fevereiro, 2023 | 03:36 PM

Bloomberg — Agora que a Microsoft (MSFT) vai acrescentar a tecnologia de inteligência artificial da OpenAI à sua ferramenta de busca Bing, o CEO da empresa, Satya Nadella, enxerga outra oportunidade de desafiar a dominância do Google (GOOG).

Para o executivo de 55 anos, isso já era de se esperar. Nadella supervisionou a área de engenharia na época em que a Microsoft estava criando o Bing em meados dos anos 2000, quando a empresa tinha dificuldades para conseguir participação de mercado. Desta vez, a vantagem do Google como empresa dominante não vai importar tanto, disse Nadella.

O modelo de IA de busca da Microsoft – chamado Prometheus e construído com base na mesma tecnologia da OpenAI utilizada no chatbot ChatGPT – permitirá que a empresa dê seu maior salto em relevância de resultados de busca, segundo o CEO. O novo Bing terá a capacidade de conversar e poderá até mesmo ajudar os usuários a escrever e-mails e criar outros conteúdos.

Mas o Google também está se mexendo. Na segunda-feira passada (6), a empresa afirmou que seu próprio serviço de IA conversacional, o Bard, será lançado para usuários de confiança para testes e que está aperfeiçoando a plataforma para o público “nas próximas semanas”.

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“Toda a categoria de buscas está passando por mudanças”, Nadella disse em uma entrevista à Bloomberg News. “Isso acontece muito raramente.”

A entrevista a seguir foi editada para fins de extensão e clareza.

Bloomberg News: O mercado de buscas não passa por grandes mudanças há muito tempo. E agora?

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Satya Nadella: Conseguir repensar as buscas... essas oportunidades são escassas. É mais ou menos o que o Google fez na época da transição do AltaVista, e a oportunidade surgiu novamente. Por isso, eu chamo de “o primeiro dia de uma nova corrida”.

A liderança do Google importa neste novo mundo para as buscas?

Eles [o Google] são gigantes. O que é animador é o fato de que terão de inovar. É um novo paradigma. É um novo dia, e a inovação das buscas voltou a ser a prioridade. O fato de que a maior categoria de software com a melhor economia está de volta é fantástico.

É fantástico para usuários, anunciantes e fornecedores. Em última instância, qualquer empresa só permanece relevante se conseguir se reinventar. É preciso se reconstituir a todo momento, e tenho certeza de que o Google tem a mesma opinião sobre o que é necessário fazer para continuar relevante.

O que mais será afetado pela IA?

O que a Microsoft acertou em 48 anos de existência? Nossa capacidade de fazer essas transições quando elas são grandes. Algumas deram certo, outras não. Por exemplo, o sistema operacional móvel claramente deu errado. As soluções em nuvem deram certo. Levamos o PC ao servidor. E conquistamos a internet de certa forma. É isso que é necessário.

O que devemos esperar da Microsoft nesse espaço?

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Já afirmei que vamos aplicar isso de forma muito agressiva em todas as categorias na Microsoft. Parece mais o início dos anos 90 na Microsoft, quando todos os dias eu quero que possamos introduzir novas categorias ou redefini-las.

O que é importante é poder dizer “quando você vir a mudança, é possível repensar”? Isso significa que precisamos estar sempre prontos. Nada é certo nesta vida. Todas as nossas categorias... por exemplo, a Azure. Uma das coisas que mais me animou há cerca de quatro ano foi repensar a Azure utilizando esse trabalho chamado treinamento de IA e inferência. Foi isso que nos aproximou da OpenAI.

O software da Microsoft deve sinalizar quando o conteúdo for de autoria da IA ou tiver sua assistência?

Será uma próxima área interessante para quando pensarmos no quanto o rascunho não foi editado. A edição de um rascunho é ou não uma intervenção humana? Quero dizer, eu olho para um rascunho e digo: “se alguém dissesse ‘Satya, me envie seus documentos que não tiveram nenhuma intervenção de IA’. Eu escrevo muitas coisas erradas, ninguém conseguiria ler. Que bom que existe a verificação ortográfica”.

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De certa forma, eu devo pontuar isso? Devo agradecer pela correção? Acredito que é culturalmente muito cedo. Não estou banalizando a questão de forma alguma porque é uma pergunta muito importante. Acredito que, em todos estes casos, temos que começar a dizer: “podemos pontuar isso e dizer: ‘a IA nos ajudou em muitas partes disto”.

Qual foi a primeira coisa que você fez com o novo Bing?

Em meados de 2022, eu vi um modelo de geração pela primeira vez. Eu sempre sonhei em ler Rumi, poeta persa, e traduzir seus poemas para o urdu e então passar para o inglês. Dá pra fazer isso acessando vários sites, mas eu queria fazer de uma só vez.

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