O principal do dia: Mercados têm início de semana tranquilo após Jackson Hole

BREAKFAST: Bolsas internacionais e moedas emergentes subiam; um gráfico desenha a encrenca da crise hídrica, o manifesto do PIB criticando Bolsonaro e o novo álbum de Kanye West

Mercados no exterior sobem após semana de espera
30 de Agosto, 2021 | 08:52 AM

O tão esperado simpósio de Jackson Hole, que manteve os mercados internacionais cautelosos ao longo de toda a semana passada, elevou o tom do Federal Reserve sobre a possível retirada de estímulos à economia americana ainda este ano. O presidente da autarquia, Jerome Powell, disse que isso não significa um aumento imediato das taxas de juros, mas as especulações ajudaram a pressionar as moedas emergentes em agosto. Nesta segunda (30), os principais pares do real caíam no exterior, aliviando a cautela dos últimos pregões.

O tom era positivo também nas bolsas internacionais, que devem ficar de olho em dados econômicos ao redor do mundo, como o seguro-desemprego americano, na quinta (2), para calibrar as expectativas quanto à retomada da economia nos últimos meses do ano.

Já os mercados de commodities mantinham atenção com os efeitos do furacão Ida. A tempestade, que atingiu a costa da Louisiana no domingo (29), ameaça o fornecimento de petróleo, gás natural e combustíveis produzidos na região do Golfo do México. As refinarias da Louisiana suspenderam a produção.

  • Futuros americanos em alta, com Dow Jones (+0,03%), S&P 500 (+0,08%) e Nasdaq (+0,12%).
  • Bolsas asiáticas fecharam em alta: Tóquio/Nikkei 225 (+0,54%), Hong Kong/Hang Seng (+0,52%) e Xangai (+0,17%)
  • Por aqui, Ibovespa fechou em alta 1,58%, a 120.598,10 pontos, enquanto o dólar fechou em alta de 1,14%, a R$ 5,196.
  • Bitcoin valendo US$ 47.899 (-1,32%) agora pela manhã

Direto de Brasília (e outros lugares)

Intitulado “A Praça é dos Três Poderes”, manifesto, que deve ser divulgado amanhã, angariou apoio de 200 entidades empresariais do país. O tom é de crítica à escalada do presidente Jair Bolsonaro contra os outros Poderes, notadamente o Supremo Tribunal Federal. Iniciativa foi articulada por Paulo Skaf (Fiesp). Segundo o jornal O Globo, Caixa e Banco do Brasil ameaçaram sair da Febraban após a entidade ter aderido à iniciativa.

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Na sexta (27), a Aneel manteve a bandeira tarifária em vermelha, nível 2, o que pode significar alta de até 58% no sobrepreço das contas de luz em setembro. O país está com capacidade muito reduzida de produção hidrelétrica porque reservatórios seguem em níveis baixos, o que deve obrigar a um uso maior da energia de térmicas (mais cara).

Uma das maiores autoridades do país no assunto, o professor do programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, Mauricio Tolmasquim, desenhou a encrenca neste tuíte:

Há sinais de um desfecho para a a questão dos precatórios, numa solução costurada pela equipe econômica com o Poder Judiciário e Legislativo. A provável estratégia para manter o pagamento de precatórios na casa dos R$ 50 bilhões ano que vem (em vez dos inéditos R$ 89 bilhões) deve ser concretizada com uma resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que deve avaliar o montante de dívida gerada por decisões judiciais e escalonar nos próximos anos aquilo que o colegiado considerar que está acima da capacidade de pagamento.

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Se você não consegue explicar a amigos e colegas o conceito de precatório e a bomba fiscal que eles representam, preparamos esse vídeo para você.

Toda a atenção para quarta-feira, quando sai o PIB do segundo trimestre. Estimativa é de desaceleração: +0,1% na comparação com 2T21 (+1,2%).

Manchetes dos jornais

  • Consolidação do setor petroquímico pode movimentar ao menos R$ 23 bilhões (Valor)
  • Banqueiros e empresários querem formar frente ampla histórica em defesa das instituições (Folha de S.Paulo)
  • Criminosos atacam agências bancárias e fazem reféns no interior de São Paulo (O Globo)
  • Quadrilha ataca agências bancárias e faz moradores reféns em Araçatuba; três pessoas morreram (O Estado de S.Paulo)
  • In the Grip of Hurricane Ida, Louisiana Struggles to Assess the Damage (New York Times)
  • Ida Batters Louisiana, Leaving New Orleans Without Power (Wall Street Journal)
  • Ida slams La., overpowering levees, destroying buildings (Washington Post)

Na Bloomberg Línea

O rumor sobre o surgimento de um concorrente para a B3, assunto que agita os bastidores do mercado nos últimos meses, levou o Bradesco BBI a calcular o impacto que a concretização dessa hipótese teria nas receitas e lucros da companhia formada pela fusão da antiga Bovespa com a BM&F em 2008. O banco de investimentos estima que, no pior cenário, o impacto negativo no lucro líquido seria de até 9%, enquanto na receita seria de até 6%.

Agenda do dia

  • Indicadores Brasil: IGP-M (8h); Boletim Focus (8h25); Resultado Primário do Governo Central (14h30)
  • Indicadores EUA: Vendas de Casas Pendentes (11h); Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas (11h30)
  • Bolsonaro: Reuniões com Marcos Pontes, Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações; Pedro Cesar Sousa, Subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência; Ciro Nogueira, Ministro-chefe da Casa Civil da Presidência; com Onyx Lorenzoni, Ministro do Trabalho e Previdência.
  • Paulo Guedes (Economia): Reuniões com secretário Especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal; com secretário Especial da Receita Federal, José Tostes; com o chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais, Esteves Colnago.
  • Roberto Campos Neto (BC): Videoconferência com representantes da Shell Brasil Petróleo.

Para não ficar de fora:

No domingo (29), Kanye West lançou seu novo álbum de estúdio com inéditas, Donda, em plataformas digitais como YouTube, Spotify e Apple Music. Foi um dos principais assuntos do dia nas redes sociais daqui e de fora.

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.

Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.