Kaszek vê oportunidade para investir em startups de LatAm após captar US$ 1 bi

Hernan Kazah, cofundador da maior gestora de capital de risco da América Latina, diz à Bloomberg News que espera recuperação dos investimentos na região em 2023 e 2024

Hernan Kazah, da Kaszek Ventures
Por Giovanna Bellotti Azevedo
09 de Outubro, 2023 | 03:24 PM

Bloomberg — A Kaszek Ventures, maior gestora de capital de risco da América Latina, levantou US$ 1 bilhão neste ano à espera de que novos negócios se concretizem e que empresas mais maduras precisem de dinheiro e, possivelmente, aceitem novos múltiplos.

Após um ano recorde em 2021 para financiamento de empresas de tecnologia latino-americanas, os fundadores tentaram aceitar a realidade mais difícil de 2022, mas agora perceberam a necessidade de equilibrar crescimento e lucratividade, disse em entrevista à Bloomberg News o cofundador da Kaszek, Hernan Kazah.

Isso já aumentou o fluxo de negócios da Kaszek neste ano. Depois de apenas dois investimentos em 2022, a companhia sediada em São Paulo investiu em sete empresas até setembro e 2024 promete ser melhor, disse ele. Na última semana, a Kaszek anunciou um investimento de US$ 13 milhões na startup de tecnologia financeira Cobre, com sede na Colômbia.

“As empresas ainda têm dificuldade em encontrar o modelo certo, a economia unitária certa e o equilíbrio certo entre consumo e crescimento”, disse Kazah. “Algumas delas receberão capital, talvez com um múltiplo totalmente diferente daquela que tiveram da última vez, e outras podem não conseguir.”

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O financiamento para startups de tecnologia secou em todo o mundo depois que os juros subiram e a liquidez diminuiu. Mas na América Latina a pressão foi ainda mais acentuada. Os investimentos caíram para US$ 1,7 bilhões no primeiro semestre de 2023, um tombo de 75% em relação aos níveis de 2021 no mesmo período, segundo dados da LAVCA, uma associação de venture capital e private equity da América Latina.

A Kaszek, fundada por Kazah e Nicolas Szekasy, ex-executivos do Mercado Livre (MELI), desafiou a crise no início deste ano ao levantar US$ 540 milhões para investimentos em estágio inicial e US$ 435 milhões para empresas em estágio final.

A empresa já levantou nove fundos, totalizando US$ 3 bilhões, e apoiou mais de 120 empresas, incluindo Nubank (NU).

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Ainda falta alocar cerca de um terço de um fundo que captou em 2021, e o capital deve ser totalmente aplicado até o final deste ano ou início de 2024, disse Kazah.

Kazah, nascido na Argentina, estudou em Stanford junto com Marcos Galperin no final da década de 90, antes de cofundarem o Mercado Livre. Ele ocupou os cargos de diretor de operações e diretor financeiro da empresa de comércio eletrônico antes de sair em 2011 para fundar a Kaszek. O Mercado Livre hoje vale US$ 61 bilhões e é uma das maiores empresas da América Latina.

Falando em um evento de tecnologia em São Paulo no final do mês passado, Kazah disse que está particularmente interessado em startups de tecnologia climática e em como a inteligência artificial está sendo usada pelas empresas.

O fluxo de negócios deve acelerar em 2024 e Kaszek está atualmente analisando de seis a sete negócios com grandes chances de fechamento, disse ele, sem dar mais detalhes.

“Os fundadores ajustaram as suas expectativas e obterão financiamento em quaisquer condições que encontrarem no mercado hoje”, disse Kazah. “Ainda há uma lacuna significativa em relação a 2021, mas as coisas estão melhores.”

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