Brasília em off: a resposta do BC de Campos Neto à pressão política de Lula

Na visão de integrantes da equipe econômica, havia uma lista de motivos para justificar um afrouxamento da política monetária na semana passada

Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano na semana passada, a despeito de pressão do governo Lula
Por Martha Beck
26 de Março, 2023 | 04:29 PM

Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tratado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como um interlocutor político ao pressioná-lo pela queda dos juros. Agora, Campos Neto dá o troco.

Essa é a avaliação de integrantes da equipe econômica do governo sobre a decisão da autoridade monetária de manter a taxa básica de juros da economia em 13,75% ao ano.

Havia uma lista de motivos para justificar um afrouxamento da política monetária, entre eles, a desaceleração da economia e a retração do mercado de crédito, afirmam.

Mas o BC optou por jogar luz ao efeito da pressão política e focar no ruído que impacta as expectativas de inflação para decidir a Selic.

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Houve, segundo esses integrantes, algum reconhecimento ao arcabouço fiscal, uma vez que o Copom trocou a expressão “elevada incerteza” sobre o futuro da proposta para “incerteza” de uma reunião para outra.

Também mencionou o efeito positivo das medidas no setor de combustíveis. Mas parou por aí.

Corte antecipado

O Banco Central já sabe do que se trata o arcabouço fiscal e não precisava necessariamente ter a proposta apresentada publicamente para usar o plano em sua decisão sobre as taxas de juros, afirmam integrantes da equipe econômica.

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Mais do que considerar a proposta, o governo queria que o BC levasse em conta a desaceleração global, os riscos no mercado de crédito e, mesmo que não reduzisse a taxa de juros agora, ao menos abrisse as portas para esse caminho. É essa a ponderação que a Fazenda vai fazer à autoridade monetária de agora em diante.

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