Copom mantém Selic e cita incertezas acima do usual, incluindo arcabouço fiscal

Decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central veio em linha com as expectativas do mercado; mais cedo, o Fed elevou os juros nos EUA

Copom manteve a Selic em 13,75% pela quinta reunião consecutiva na reunião desta quarta-feira, a segunda em 2023
22 de Março, 2023 | 06:41 PM

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quinta reunião consecutiva, em linha com as expectativas do mercado. Em comunicado divulgado na noite desta quarta-feira (22), o comitê liderado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, apontou a “incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”.

Entre os riscos para uma maior pressão inflacionária, o Comitê cita a maior persistência das pressões inflacionárias globais e a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública.

“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo”, diz o comunicado. “Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.”

“O Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.”

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Antes da reunião, o mercado esperava que alguns fatores pudessem amenizar o tom do comunicado: o risco de desaceleração global da economia, a partir dos problemas dos bancos nos Estados Unidos e do Credit Suisse, a queda dos preços das commodities e o agravamento das condições do mercado de crédito local, depois da crise da Americanas (AMER3).

Mas indefinições sobre o novo arcabouço fiscal, cuja divulgação foi adiada por decisão do presidente Lula, trouxeram de volta o componente de imprevisibilidade para a política fiscal nos próximos meses e anos.

Hoje mais cedo, o Federal Reserve elevou a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,75% a 5%, a mais alta desde setembro de 2007. Por lá, as autoridades projetam que as taxas devem terminar 2023 em cerca de 5,1%, inalteradas em relação à estimativa mediana da última rodada de previsões em dezembro. A projeção mediana para 2024 subiu de 4,1% para 4,3%.

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-- Em atualização.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.