Lítio e cibersegurança: as preferências dos brasileiros nos ETFs temáticos

Gestora americana Global X, com US$ 40 bilhões no portfólio, revela planos para crescer no mercado local com o aumento da oferta dos fundos de índice

El mineral de litio cae de un vertedero a una pila en las instalaciones de Talison Lithium Ltd., una empresa conjunta entre Tianqi Lithium Corp. y Albemarle Corp. en Greenbushes, Australia, el jueves 3 de agosto de 2017.
29 de Agosto, 2022 | 05:31 PM

Bloomberg Línea — Cibersegurança e lítio. Esses são os temas preferidos de investidores brasileiros quando decidem investir no mercado de fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês). É o que revelam dados da gestora americana especializada em fundos de investimentos listados em bolsa Global X.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Pedro Palandrani, diretor de research de fundos temáticos da gestora, contou que, apesar de uma adoção ainda incipiente de carros elétricos no Brasil, o investidor local tem começado a apostar no futuro dessa tecnologia.

O investimento é feito por meio do fundo da casa “Lithium & Battery Tech ETF”, que é listado na B3 por meio de um BDR (Brazilian Depositary Receipt) de ETF – isto é, um papel que “espelha” um fundo de índice negociado no mercado americano.

“Foi uma surpresa, porque muitas vezes o interesse por essa estratégia vem de países com crescimento na adoção de carros elétricos. No Brasil, esse movimento ainda é muito embrionário, mas acho que os investidores estão reconhecendo as oportunidades”, disse.

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No caso do lítio, metal raro usado na produção de baterias elétricas, ele conta que a maior parte da demanda virá dos veículos elétricos; na oferta, trata-se de uma produção difícil, o que deve beneficiar as mineradoras e contribuir para preços elevados. E o mesmo acontece com empresas de baterias, que têm trabalhado juntamente com fabricantes como Tesla (TSLE), BMW e Ford, por exemplo.

O especialista também disse ver grande interesse de brasileiros pelo mercado de cibersegurança, em especial após a guerra da Rússia na Ucrânia e com diversos ataques hackers em sites de empresas e governos ao redor do mundo, cada vez mais recorrentes.

Palandrani chama a atenção para o impacto da economia digital, com a adoção de novas tecnologias e o aumento da automação, abrindo portas para ataques e exigindo novas formas de proteção.

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“Os investidores estão usando a cibersegurança como forma de fazer hedge (proteção) contra riscos geopolíticos”

Pedro Palandrani

Apelo à geração Z

Enquanto investimentos tradicionais podem ser menos tangíveis para as novas gerações, os ETFs temáticos permitem uma melhor visualização e identificação com o investimento, avalia Palandrani.

Ele cita como exemplo o mercado de videogames, cujo valor de mercado supera hoje os US$ 176 bilhões, o que seria uma amostra do potencial de investimento.

“É muito mais fácil falar com um millenial ou até mesmo com a geração Z sobre veículos elétricos, videogames e e-sports do que sobre estratégias como ‘valor versus crescimento’. O fato de o investimento temático ser mais tangível é muito poderoso”, afirmou.

Aposta no Brasil

Com cerca de US$ 40 bilhões em ativos sob gestão, a gestora americana especializada em ETFs temáticos chegou ao Brasil em abril. Até o momento, conta com cerca de 20 BDRs de ETFs listados na Bolsa brasileira e a expectativa é expandir cada vez mais essa oferta.

Segundo Bruno Stein, chefe da operação da Global X no Brasil, o objetivo é encerrar o ano com cerca de 50 ETFs de BDRs listados na B3, trazendo estratégias como a de blockchain e metaverso, já disponíveis nos Estados Unidos.

“Precisamos ter o máximo de produtos possível porque é assim que funciona melhor o asset allocation. Muitos brasileiros acabam recorrendo ao exterior porque lá conseguem encontrar temas mais específicos de investimento que não temos aqui”, afirmou Stein.

Em cinco anos, esse número deve crescer para pelo menos 70, dentre os 96 oferecidos pela gestora nos EUA.

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“O Brasil é um mercado muito importante para a Global X e com certeza será um dos maiores nos próximos dois anos. Estamos apenas começando”, disse Palandrani.

A avaliação é que os investidores brasileiros vão começar a migrar em direção aos ETFs, como tem sido visto em outros mercados, como o americano, de forma a ganhar exposição a diferentes – e cada vez mais específicas – estratégias.

Nos Estados Unidos, o mercado de ETFs atingiu a marca de US$ 7 trilhões no ano passado, com a presença de gigantes globais como BlackRock, Vanguard e Invesco, entre outras.

Tecnologia espacial e 6G

Olhando para a frente, Palandrani disse que temas como tecnologia espacial, 6G (depois do 5G) e computação quântica podem trazer boas oportunidades no futuro.

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Por ora, contudo, destaca que são temas que ainda não podem ser traduzidos em ETFs dado que há poucas empresas listadas em bolsa com essas estratégias. Para a criação de um produto, a gestora busca ao menos 20 empresas, de forma a oferecer uma exposição maior ao tema, explicou.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.