Clarida vê condições para Fed subir juros até fim de 2022

Vice-presidente do banco central americano aponta a melhora do mercado de trabalho e dois testes para inflação como critérios para elevar o intervalo da meta da Fed Funds

Vice-presidente do Fed disse esperar que as pressões inflacionárias diminuam “à medida que o mercado de trabalho e as cadeias de suprimento globais se ajustem"
Por Craig Torres
08 de Novembro, 2021 | 02:53 PM

Bloomberg — O vice-presidente do Federal Reserve, Richard Clarida, disse que as “condições necessárias” para aumentar a taxa básica de juros do banco central americano, agora perto de zero, devem se consolidar no fim do ano que vem.

“Embora estejamos claramente longe de considerar o aumento das taxas de juros”, disse Clarida em comentários preparados para um simpósio nesta segunda-feira (8) sobre política monetária organizado pelo Brookings Institution em Washington, “acredito que essas três condições necessárias para elevar o intervalo da meta para a taxa de fundos federais terão sido atingidas até o final de 2022″, disse em referência ao mercado de trabalho e os dois testes para a inflação definidos pelo Fed como condição para o aumento dos juros.

Na semana passada, autoridades do Fed deixaram os juros perto de zero e anunciaram que começariam a reduzir o programa de compras de ativos no fim deste mês em um cronograma que encerraria o processo em meados de 2022. Segundo o Fed, a decisão sobre o estímulo não implica um sinal direto sobre a política de juros. Algumas autoridades, preocupadas com a aceleração da inflação, defenderam flexibilidade para aumentar as taxas assim que a redução gradual do estímulo for encerrada.

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Clarida disse esperar que as pressões inflacionárias diminuam “à medida que o mercado de trabalho e as cadeias de suprimento globais se ajustem e, o que é mais importante, sem colocar pressão ascendente persistente sobre a inflação de preços e ganhos salariais ajustados pela produtividade”. Em agosto de 2020, o Fed adotou uma nova abordagem para as metas do banco central em termos de emprego e estabilidade de preços. A meta de inflação foi redefinida para uma média de 2% como forma de compensar anos abaixo do objetivo.

Autoridades do Fed não quiseram fixar um prazo durante o qual acreditam que a média deve ser atingida. A meta de pleno emprego também foi redefinida como um “objetivo abrangente e inclusivo”, e o banco central disse que não iria mais prejulgar o nível de emprego máximo ao definir a política monetária, embora ainda produza uma previsão de taxa de desemprego compatível com preços estáveis. Em setembro, essa avaliação de longo prazo era de 4%.

Clarida acrescentou que os riscos para os preços são de alta e disse que não gostaria de ver mais um ano de inflação acima da meta, como em 2021. A inflação de acordo com o indicador preferido do Fed subiu 4,4% nos 12 meses encerrados em setembro. Sem alimentos e energia, o índice avançou 3,6%.

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Para Clarida, a inflação deste ano representa muito mais do que ultrapassar a meta de 2% no longo prazo de forma ‘moderada’ “e eu não consideraria a repetição do desempenho no próximo ano como uma política bem-sucedida”, disse.

As estratégias de bancos centrais do Canadá, Reino Unido, zona do euro e EUA estão sendo testadas pelas pressões inflacionárias à medida que as economias emergem da crise da pandemia.

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