John Deere prevê campo 100% conectado em até cinco anos

Atualmente, apenas metade da área ocupada por áreas produtivas no Brasil conta com algum tipo de cobertura de internet

Atualmente, menos da metade das terras produtivas do Brasil possuem algum tipo de sinal de internet. Chegada do 5G tende a acelerar a conectividade no agronegócio
24 de Setembro, 2021 | 02:33 PM

São Paulo — A multinacional americana de máquinas e equipamentos agrícolas e de construção John Deere prevê que o agronegócio brasileiro estará integralmente conectado à internet entre três e cinco anos. A expectativa é que os 250 milhões de hectares produtivos do Brasil estejam cobertos com o sinal de diferentes operadores nos próximos anos, principalmente com o avanço do 5G no país.

Assim como ocorreu em diferentes setores da economia, o processo de digitalização de processos durante a pandemia também foi acelerado no agronegócio. “Um dos grandes fenômenos que decorre da Covid é que a digitalização acelerou no Brasil rural, mesmo com a conectividade ainda não seja adequada”, afirma Paulo Herrmann, presidente da John Deere do Brasil.

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POR QUE ISSO É IMPORTANTE: Do total dessa área ocupada pela agricultura e pela pecuária no Brasil, menos da metade conta com algum sinal de Internet. Com o avanço das tecnologias embarcadas nas máquinas, o uso de inteligência artificial, monitoramento remoto e análise de dados, a cobertura de internet passa a ser um insumo essencial para o avanço da produtividade e ganhos de eficiência no agronegócio do Brasil.

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Presidente Jair Bolsonaro (dentro da cabine) e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, lançam projeto piloto de tecnologia de internet 5G para uso no agronegóciodfd

CONTEXTO: Em dezembro de 2020, Claro e John Deere anunciaram uma parceria para ampliar de 85 milhões para 100 milhões de hectares a área coberta com o sinal da operadora nas áreas produtivas do Brasil. Seis meses após a assinatura do contrato, pouco mais de 1 milhão de hectares foram incorporados.

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“A Claro tinha Capex para expandir seu sinal de internet e nós ajudamos a identificar os locais para instalação das antenas. Em seis meses de parceria já temos mais de um milhão de hectares incorporados, mas é um processo lento. Eu preciso de 50 mil hectares para viabilizar uma antena, sem custo de infraestrutura ao produtor”, afirma Herrmann.

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Ele explica que, muitas vezes, um produtor que possui 10 mil hectares tem interesse em participar do programa, mas, para que se torne viável, é preciso convencer os vizinhos a se juntar e formar o lote mínimo de 50 mil hectares. “Pode demorar um pouco mais, um pouco menos, mas esse é um movimento sem volta”, afirma Herrmann.

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OUTRAS INICIATIVAS: Pouco antes da parceria das duas empresas, em julho do ano passado, a ConectarAgro, entidade formada por empresas como CNH Industrial, AGCO, Jacto, Climate FieldView/Bayer, Nokia, TIM, Trimble e Solinftec, anunciou a meta de levar uma rede 4G para 13 milhões de hectares rurais.

Ainda que não houvesse sobreposição do sinal, as duas iniciativas juntas, quando estiverem 100% implementadas, levarão Internet móvel a 113 milhões dos 250 milhões de hectares produtivos do Brasil.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.