Ex-diretor do BC prevê Selic a 8,5% ao ano e nova oportunidade no juro futuro

Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital, diz em entrevista à Bloomberg News que decisão do CMN vai ajudar na ancoragem das expectativas

Banco Central de Brasil
Por Felipe Saturnino
04 de Julho, 2023 | 04:42 PM

Bloomberg — Os juros futuros de médio prazo têm fôlego para mais um rali de queda com a perspectiva de que a taxa Selic cederá a 8,5% ao ano em 2024, disse Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital e ex-diretor do Banco Central.

“Segue bom aplicar juros médios porque uma Selic de 8,5% não está no preço”, disse Le Grazie em entrevista à Bloomberg News ao se referir à posição que se beneficia da queda das taxas futuras.

“A inflação de alimentos está voltando a ficar favorável, há um espaço para a inflação cheia ficar mais bem comportada e a decisão do Conselho Monetário Nacional [CMN] vai ajudar na ancoragem das expectativas.”

Na semana passada, o CMN decidiu fixar a meta de inflação para 2026 em 3%, mas alterou o horizonte de perseguição da meta de ano-calendário para uma período contínuo a partir de 2025.

PUBLICIDADE

A curva de juros futuros embute uma Selic levemente abaixo de 9% em dezembro de 2024, segundo dados da Bloomberg.

Le Grazie, que ocupou a cadeira de diretor de Política Monetária do BC, disse que a redução dos preços de alimentos deve resultar em menor pressão também em itens mais inerciais, como serviços e núcleos, e contribuir para o ciclo de cortes.

  dfd

Segundo o ex-diretor do BC, a última ata do Copom, no entanto, ainda trouxe cautela que justifica as razões para o nível alto da Selic, com destaques para a inflação de serviços pressionada, o mercado de trabalho apertado e a elevação do juro neutro.

PUBLICIDADE

Ele avaliou que o BC deve iniciar o ciclo de corte de taxas em agosto “com ritmo moderado, de 0,25 ponto percentual, e pode até seguir numa toada mais lenta” do que a que o mercado precifica hoje.

“O cenário central ainda é que o BC dê um corte de 0,25 pp e feche o ano com mais três de 0,50 pp, mas ele pode iniciar o ciclo derrubando a taxa a doses de 0,25 pp até ter certeza de que a inflação está ancorada”, disse Le Grazie.

“Pode ser um tempo maior de cortes moderados, e é por essa incerteza com o juro curto que estamos mais de olho em posições nos juros futuros de dois e três anos à frente.”

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

O que falta para o Brasil melhorar de fato a sua nota de crédito da S&P

Brasília em off: o enfraquecimento do comando do BC (na visão do governo)

©2023 Bloomberg L.P.