Bank of America vê oportunidades no mercado de juros no Brasil e em LatAm

Em relatório, analistas do banco apontam distorções na curva de juros na região em relação às expectativas para as taxas de referência dos bancos centrais

Bank of America
12 de Outubro, 2023 | 01:06 PM

Bloomberg Línea — O Brasil e alguns demais países da América Latina apresentam oportunidades de ganhos no mercado de juros, de acordo com analistas do Bank of America ou BofA (BAC), uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos.

Apesar do aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que levou a um desmonte das operações de carry-trade, o banco vê distorções na curva de juros na região.

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A distorção mais evidente ocorre no Brasil, onde os contratos DI com vencimentos nos próximos anos atualmente têm rendimento acima da projeção para a Selic. A expectativa do BofA é a de que o ciclo de cortes do Banco Central se encerre quando a taxa de referência chegar ao patamar de 9,5% ao ano, com viés de baixa.

“Nesse contexto, gostamos de receber DI Jan-27 (atualmente em 10,85%) para desvanecer a recente venda e posicionar-nos para uma taxa terminal potencialmente mais baixa”, afirmou o banco em relatório assinado por Christian Gonzalez e Antonio Gabriel.

A diferença entre os juros do mercado e as expectativas mais baixas das taxas de referência é um fator que pode “destravar valor” nos mercados da América Latina.

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Para os analistas, a precificação de taxas finais na América Latina está “claramente deslocada”, o que abre oportunidades para desbloquear valor na região de forma seletiva.

“Temos forte convicção de que a melhor maneira de desbloquear valor neste ambiente desafiador é ser seletivo na escolha das posições de recebimento de juros ou favorecer operações de valor relativo”, afirmam.

“No Brasil, preferimos posições de recebimento de juros direto, uma vez que a curva apresenta uma das distorções mais evidentes de taxas terminais na América Latina”, apontam.

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“No México, preferimos a relação risco-recompensa de posições de recebimento de juros em relação às taxas dos EUA para nos posicionar em antecipação a uma reprecificação da taxa terminal do México sem exposição às taxas dos EUA.”

“Na Colômbia, a curva está precificando um ciclo de afrouxamento que é muito precoce, mas também muito raso, levando-nos a preferir operações de ‘achatamento’.”

Um ponto de atenção, no entanto, é o câmbio, segundo os analistas do banco. A mudança do mercado no último mês fez com que boa parte das moedas da América Latina perdesse valor frente ao dólar, reduzindo os ganhos observados em 2023.

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Uma desvalorização mais ampla pode tornar os retornos totais dos títulos menos atraentes, segundo os analistas do BofA. Para eles, o peso mexicano e o peso colombiano podem ter um desempenho inferior em um cenário de aversão ao risco em comparação com outras moedas, como o real, o peso chileno e o sol peruano.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.