Legacy e Verde miram apostas em juros após tombo de títulos do Tesouro dos EUA

Gestores têm montado novas posições após a alta dos rendimentos dos títulos da dívida americana; veja o que dizem as cartas mensais de algumas das principais assets do mercado

Vista da região da Faria Lima
Por Vinícius Andrade e Felipe Saturnino
12 de Outubro, 2023 | 09:07 AM

Bloomberg — Alguns dos maiores gestores de fundos multimercado montaram posições no mercado de juros brasileiro após a turbulência provocada pela alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos no mês passado.

Em setembro, as taxas de juros futuros registraram um desempenho mais fraco em relação a outros ativos domésticos, e contratos com vencimento em janeiro de 2027 subiram 45 pontos-base no período.

Os rendimentos das NTN-Bs com vencimento de 3 anos avançaram 38 pontos-base, em meio a uma derrocada generalizada nos mercados emergentes, à medida que os investidores reavaliaram o cenário para as taxas de juros globais.

A Legacy Capital iniciou uma posição de valor relativo que combina a aposta em queda de taxas de juros futuros com a compra de dólar frente ao real, enquanto o fundo Verde voltou a apostar em juros reais menores no Brasil.

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Há uma “significativa assimetria” em posições aplicadas em NTN-Bs, escreveu a XP Asset Management, em carta referindo-se ao seu fundo multimercado macro.

“O prêmio implícito na curva não se justifica nem mesmo frente à discussão da expansão da taxa neutra de equilíbrio na economia norte-americana”, disse o fundo.

A Vinland Capital segue apostando na queda de taxas — mas enxugou seu risco em juros. Por sua vez, a Kapitalo disse que seus fundos Kappa e Zeta mantiveram posições aplicadas tanto no Brasil como no México.

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Veja o que os fundos locais disseram nas suas cartas mensais:

Absolute Investimentos

O fundo não tem exposição a juros, tanto no Brasil quanto no exterior. A reprecificação das curvas de taxas globais, juntamente com um tom mais conservador do Banco Central, levou a um aumento acentuado dos juros futuros locais.

  • Absolute Vertex FIC: -0,97% em setembro
  • Taxa de referência do CDI: +0,97%

Adam Capital

As posições vendidas em bolsas globais ajudaram a compensar as apostas de câmbio e em renda fixa em um mês de maior volatilidade, especialmente nos mercados brasileiros. O fundo permanece cauteloso.

  • Adam Macro II FIC: +0,73%

Bahia Asset Management

O fundo disse que monitora de perto a trajetória da inflação no Brasil e os sinais do Congresso. Também está de olho nas negociações para a aprovação de medidas do governo para aumentar a arrecadação.

  • Bahia AM Marau FIC FIC: estável

Genoa Capital

O ritmo atual de cortes nos juros por parte do Banco Central “parece o mais adequado” para atingir a meta de inflação e uma taxa Selic mais baixa no final do processo de flexibilização.

  • Genoa Capital Radar FIC FIM: +0,60%

Ibiuna Investimentos

A Ibiuna mantém apostas menores, mais cautelosas, embora ainda construtivas no Brasil, particularmente em renda fixa.

  • Ibiuna Hedge STH FIC: -1,69%

JGP Asset Management

A curva de juros sofreu uma “reprecificação significativa” em agosto. A manutenção do quadro fiscal do país será fundamental para o bom desempenho dos ativos locais.

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  • JGP Strategy FIC: +1,51%

Kapitalo Investimentos

A Kapitalo manteve posições que se beneficiam de juros mais baixos no México e no Brasil. A gestora reduziu posição em bolsa brasileira.

  • Kapitalo Kappa FIN: +0,25%

Legacy Capital

A curva de juros foi punida mais severamente do que o real, em meio ao selloff desencadeado pelo aumento dos yields dos Treasuries, disse a Legacy. A gestora ainda mantém uma posição comprada em bolsa local.

  • Legacy Capital FIC: -1,04%

SPX Capital

O vigor da economia do Brasil tem sido fortemente influenciado por fatores pontuais, como uma safra maior do que as expectativas. A SPX detém posições de valor relativo em algumas curvas de juros globais, as quais não especificou.

  • SPX Nimitz: +0,50%

Verde Asset Management

O fundo reduziu uma posição comprada no real em relação ao dólar e também montou uma posição que se beneficia da queda dos juros reais no Brasil.

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  • Verde FIC FIM: +0,85%

Vinland Capital

A Vinland reduziu a exposição a juros no Brasil e aposta que o dólar se fortalecerá em relação ao yuan chinês. Também possui posição comprada em bolsa brasileira.

  • Vinland Macro Plus FIC FIM: -1,06%

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