BTG Pactual: impacto do novo cenário macro será marginal para os negócios, diz CFO

Renato Cohn afirma que o banco conseguiu diversificar os negócios a tal ponto que consegue entregar resultado com juro alto ou baixo, mas destaca efeito da queda já ocorrida na Selic

Sede do BTG Pactual
13 de Maio, 2024 | 06:33 PM

Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11), maior banco de investimentos do Brasil, espera melhorar a rentabilidade nos próximos trimestres, com expectativa positiva sobre o cenário macroeconômico no Brasil e no mundo, apesar de reconhecer um impacto “marginal” em algumas linhas de negócios das incertezas sobre o início do ciclo de cortes dos juros norte-americanos e sobre a resiliência da inflação no Brasil.

O CFO do BTG, Renato Cohn, disse que a diversificação das áreas de atuação permite ao banco ter uma performance boa tanto em momentos de juros em alta como em baixa; e que a redução da taxa Selic de 13,75% ao ano (em agosto do ano passado) para 10,50% (neste mês de maio) já representou um “avanço” significativo para empresas, consumidores e instituições financeiras.

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“Todo mundo esperava uma série de cortes [dos juros nos EUA]. Hoje já se duvida se vamos ter mesmo neste ano. Os cortes estão sendo adiados em razão do cenário de inflação mais resiliente. Isso causou uma mudança de percepção do mercado internacional e local”, observou o executivo.

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Ele citou ainda que a inflação no Brasil se mostra também um pouco mais resiliente. No último dia 8, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desacelerou o ritmo de redução de cortes, de 0,50 para 0,25 ponto percentual, em uma decisão sem unanimidade entre os membros do colegiado. No dia seguinte, o IPCA (inflação oficial) de abril apontou 0,38%, acima das expectativas do mercado (0,35%).

“O juro mais alto acaba impactando um pouco todas as empresas, o consumidor e as instituições financeiras, mas esse impacto é marginal. O cenário já avançou muito [...] Provavelmente, [a Selic] vai cair para 10% ao ano e começar a discussão de ajuste fino, se a taxa ficará entre 9% e 9,50%”, afirmou Cohn.

O atual patamar dos juros não deve desencorajar empresas que estão prontas para o lançamento de ações em algum momento, segundo o CFO em call com jornalistas.

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“Uma empresa não vai deixar de fazer IPO se o juro for 9,5% ou 10%. A grande diferença já aconteceu: a Selic veio de 13,75% para 10,50% ao ano. Continuamos otimistas com o cenário do Brasil e para o banco nesse ambiente de negócios”, disse o executivo.

Ele reconheceu, no entanto, que a área de investment banking, que presta assessoria e coordena ofertas de ações, pode encontrar um pouco mais de dificuldades para viabilizar o retorno dos IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). A B3 não registra abertura de capital desde agosto de 2021.

“As linhas de negócios são marginalmente afetadas, mas não muito. Temos uma diversificação de negocios, algumas linhas ‘performam’ melhor em ambiente de juro um pouco mais alto, e outras, pior. Por exemplo, no investment banking, fica um pouco mais difícil ter retorno do IPOs no mercado de capitais com juro mais alto”, afirmou Cohn.

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Rentabilidade em alta

No primeiro trimestre, o BTG lucrou R$ 2,9 bilhões, crescimento de 27,7% no comparativo anual, com um ROAE ajustado (retorno sobre patrimônio líquido médio) de 22,8%. O indicador foi menor do que o do quarto trimestre (23,4%) e maior do que o de igual período do ano passado (20,9%).

Dissemos que 2024 teria um retorno maior do que o de 2023. Já largamos com um ROE um pouquinho acima. Esperamos continuar com um aumento no retorno sobre o patrimônio”, afirmou Cohn.

Ele considerou o resultado do banco de investimento como “excepcional”, com destaque para as transações de M&A, o mercado de dívida corporativa e o crescimento trimestral de 13% da asset.

“O mercado de ações continua fraco, não vai melhorar muito neste segundo trimestre”, observou.

O executivo também espera aumentar o share of wallet (participação na carteira) dos clientes da corretora Órama, cuja aquisição foi anunciada em outubro passado e concluída em março.

“Esperamos manter a base de clientes da Órama e trazer mais dinheiro deles, introduzindo novos produtos”, disse Cohn.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.