Mercados em alerta com limite da dívida dos EUA e indicadores fracos na Europa

Operadores estão reticentes sobre quando, finalmente, o governo dos EUA chegará a um acordo sobre o limite do endividamento, já que o tempo se esgota

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
23 de Maio, 2023 | 06:37 AM

Barcelona, Espanha — As negociações em torno do teto da dívida dos Estados Unidos voltam a ser o tema estrela no mercado financeiro. Ontem, tanto o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, quando o mandatário do país, Joe Biden, classificaram de “produtiva” a conversa que tiveram na Casa Branca. Contudo, apesar da aura de otimismo, eles ainda não chegaram a um acordo para evitar um calote da dívida pública.

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No começo da manhã, os futuros de índices operavam no vermelho, embora com variações pequenas.

Na Europa, a maioria dos indicadores de renda variável operava em baixa. O sentimento do mercado europeu foi atingido por dados mais fracos do setor industrial. As pesquisas PMI dos gerentes de compras de toda a região caíram inesperadamente para 44,6 em maio, ainda mais abaixo do nível 50, que indica contração, de acordo com o relatório da S&P Global.

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Também afeta o humor a notícia de que o banco alemão Julius Baer Group Ltd. registrou um impulso mais fraco para os negócios do que alguns analistas esperavam. A instituição reportou um ganho de 1% no volume de ativos sob gestão nos primeiros quatro meses do ano. As ações da Julius Baer chegaram a cair 8% nas negociações em Zurique.

Na Ásia, as bolsas fecharam quase todas em queda, com destaque para os índices de Hong Kong e China.

No mercado de dívida, o título do Tesouro norte-americano com dez anos de prazo embutia prêmios maiores, cotado a 3,722% anuais, em razão do impasse em torno da dívida norte-americana. Tanto o ouro como o petróleo perdiam valor. O bitcoin era cotado em alta de +1,5%, acima dos US$ 27 mil às 6h20 de Brasília.

→ O que move os mercados hoje

⏱️ Tic-tac. O relógio anda e o traders ficam em alerta. A Secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou sobre a grande probabilidade de que seu departamento fique sem dinheiro no início de junho e que um default pode ocorrer já no dia 1º. “É muito provável que o Tesouro não consiga mais cumprir todas as obrigações do governo se o Congresso não tomar medidas para aumentar ou suspender o limite do endividamento”, disse. Para evitar tal situação, qualquer acordo teria que ser aprovado pelo Congresso antes disso. A saga do teto da dívida tem sido o centro das atenções nos mercados globais.

🎢 Prêmio de risco. Depois de mais uma rodada de negociações sem acordo, os investidores estão exigindo um prêmio mais alto para carregar a dívida dos EUA com maior risco de inadimplência. O rendimento dos títulos do Tesouro de quatro semanas saltou 7 pontos-base nesta terça-feira, elevando seu aumento desde o início de maio para mais de 60 pontos-base. O prêmio para os títulos de dois anos subiu 4 pontos base, enquanto o rendimento de 10 anos ficou estável.

💸 Sem bônus por seguro. A aquisição do Credit Suisse Group AG pelo UBS Group, mediada pelo governo suíço, não constitui um evento de falência no qual um pagamento de seguro poderia ser acionado, segundo deliberação do Comitê de Determinações de Derivativos de Crédito. Ao não ocorrer um episódio de quebra, caem por terra os esforços de investidores para acionar o seguro de crédito vinculado ao banco suíço. Investidores, entre eles fundos de hedge, vinham examinando exaustivamente a documentação dos contratos em busca de fundamentos para um possível pagamento.

🇩🇪 Empurrão do setor de serviços. A atividade econômica da Alemanha acelerou em maio graças ao melhor desempenho no setor de serviços, mas as fábricas do país, que amargam declínios na demanda por bens, mostram uma fraqueza persistente. A economia cresceu pelo quarto mês consecutivo em maio, com a taxa de expansão atingindo a maior alta em mais de um ano, de acordo com pesquisa de gerentes de compras (PMI) da S&P Global. A maior economia da Europa tem oscilado à beira da recessão ao lidar com uma transição repentina do fornecimento de energia da Rússia. O PMI manufatureiro, na leitura preliminar de maio, marcou 42,9, contra 44,5 na medição anterior. O de serviços subiu de 56 a 57,8.

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🇪🇺 Divergencia entre Indústria e Serviços. Na Zona do Euro, o PMI de Manufatura (preliminar de maio) foi de 44,6, contra 45,8 da pesquisa anterior. Em serviços, o PMI de Serviços caiu ligeiramente, de 56,2 para 55,9. Embora tenha se debilitado, o setor de serviços permanece na zona de expansão. Os dados na Europa refletem mais uma vez a divergência entre os setores industrial e de serviços. Operadores acreditam que podem contribuir a que o Banco Central Europeu (BCE) seja mais “dovish”, isto é, mais propenso a relaxar sua política monetária, em sua próxima reunião (15 de junho).

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (22/05): Dow Jones Industrials (-0,42%), S&P 500 (+0,02%), Nasdaq Composite (+0,50%), Stoxx 600 (+0,01%), Ibovespa (-0,48%)

Nos EUA, investidores voltaram a esperar com otimismo um acordo sobre o teto da dívida, que evitaria um default da maior economia do mundo. Já o Ibovespa foi puxado para baixo pelas blue chips Vale e Petrobras, ainda preservando o patamar dos 110 mil pontos.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Indicadores PMIs: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França

EUA: Licenças de Construção, Índice Redbook, Vendas de Casas Novas/Abr, Massa Monetária/Abr, Estoques de Petróleo Bruto, Índice de Manufatura e de Serviços Fed-Richmond/Mai)

Europa: Zona do Euro (Transações Correntes/Mar); Reino Unido (Dívida Líquida do Setor Público/Abr)

Ásia: Japão (IPC)

América Latina: Argentina (Atividade Econômica/Mar)

Bancos centrais: Discursos de Jonathan Haskel-BoE, Joachim Nagel-Bundesbank, Huw Pill-BoE

Balanços: Lowe’s, Palo Alto Networks, Intuit, Agilent Technologies

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.