Moedas de emergentes podem cair 10% com impasse de dívida dos EUA, diz UBS

Estrategistas do banco suíço recomendam que investidores se protejam contra uma possível desvalorização cambial, mesmo em caso de acordo

Classe de ativos preferida do UBS nos países em desenvolvimento são títulos em moeda local com hedge cambial
Por Srinivasan Sivabalan
22 de Maio, 2023 | 01:48 PM

Bloomberg — O UBS (UBS) recomenda que os investidores se protejam contra a desvalorização cambial em mercados emergentes como o Brasil diante do impasse sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, mesmo que seja alcançado um acordo a tempo de evitar um default técnico.

Mas, caso a divergência fiscal entre democratas e republicanos em Washington se prolongue, as moedas de países em desenvolvimento devem cair até 10%, depois de um início de ano forte, alertaram estrategistas do banco suíço.

Com custos altos de carry trade - a estratégia de tomar dinheiro em mercados com juros baixos e investir em outros com taxas mais altas - e novas preocupações com o comércio global, a recompensa de risco das moedas está “longe de ser atraente”, disseram os estrategistas do banco, incluindo Manik Narain e Rohit Arora.

As divisas de mercados emergentes rastreadas por um indicador da MSCI registram o melhor desempenho desde 2017 no acumulado do ano e subiram cerca de 7% em relação às mínimas de outubro passado. A volatilidade no mercado de opções de câmbio está perto de uma mínima de 15 meses e as operações de carry trade caminham para um terceiro mês consecutivo de ganhos.

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Mas essa fase está prestes a terminar, disse o UBS.

“Nossos modelos de curto prazo mostraram que as moedas dos mercados emergentes estão extraordinariamente caras em relação a outras classes de ativos,” escreveram os estrategistas.

Por outro lado, o UBS disse que a renda variável em nações emergentes pode superar mercados desenvolvidos se a aposta pessimista do banco sobre ações americanas se concretizar, escreveram os estrategistas.

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Trade preferido dos estrategistas

A classe de ativos preferida do UBS nos países em desenvolvimento são títulos em moeda local, com estratégias que incluam proteção cambial, devido a juros reais mais altos.

Se o teto da dívida americana for elevado a tempo, o UBS espera que as moedas “desfrutem apenas de uma recuperação modesta e de curta duração”.

O real, a rupia indiana, o peso colombiano e o zloty polonês terão desempenho superior. No entanto, o mercado logo voltará sua atenção para a fraqueza do comércio global e para os prêmios de risco limitados das moedas.

O UBS recomenda usar o rali para construir posições compradas em dólar, especialmente contra yuan, peso chileno, peso mexicano e rand sul-africano.

No caso de um pequeno atraso em elevar o teto da dívida dos EUA, a volatilidade aumentará e moedas populares pelo carry trade na América Latina e Leste Europeu terão desempenho inferior.

Se o impasse durar um mês, essa fase pode ser “marcada por um rápido início da recessão nos EUA e pela falta de estímulo fiscal oportuno”, disseram os estrategistas. As moedas dos mercados emergentes podem cair até 10%, enquanto ações podem cair até 25%. Mesmo os títulos com grau de investimento terão desempenho inferior.

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