Acordo Mercosul-União Europeia está mais perto de ser concluído, avalia Espanha

Secretária de Comércio espanhola diz que documento com compromissos ambientais pode destravar o tratado comercial que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai

A UE é o maior parceiro comercial do Mercosul e o maior investidor estrangeiro na região
Por Alonso Soto e Thomas Gualtieri
10 de Março, 2023 | 12:37 PM

Bloomberg — A Espanha está confiante de que a União Europeia pode finalmente desbloquear um acordo de livre comércio com o Mercosul, injetando impulso em um processo que se arrasta há décadas.

A Comissão Europeia compartilhou uma lista inicial de compromissos ambientais com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai durante uma missão à região esta semana, disse a secretária de Comércio da Espanha, Xiana Mendez, em entrevista à Bloomberg. O texto proposto exige que o bloco sul-americano cumpra compromissos de preservação, disse ela.

A UE é o maior parceiro comercial do Mercosul e o maior investidor estrangeiro na região, e um acordo abrangeria um mercado de 780 milhões de pessoas. Depois de um acordo político em 2019, o pacto comercial, que ainda precisa ser ratificado, empacou devido às preocupações com os compromissos do Brasil de proteger a Floresta Amazônica sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Acho que finalmente podemos assinar este acordo comercial com o Mercosul porque os motivos para não avançar com o acordo eram ambientais, e agora este documento vai resolvê-los”, disse Mendez.

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Compartilhar o rascunho dos compromissos é o primeiro passo concreto em mais de três anos para preparar o caminho para a criação de uma das maiores zonas de livre comércio do mundo em um momento em que a Europa luta para reduzir sua dependência das commodities russas.

Um acordo final ainda enfrenta uma batalha difícil, e pelo menos um país membro, a França, não está feliz com os compromissos ambientais iniciais que podem não ser ambiciosos o suficiente, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram sob condição de anonimato.

Como parte das promessas iniciais, os membros do Mercosul teriam de cumprir as convenções internacionais sobre proteção ambiental e padrões trabalhistas, incluindo limitar o desmatamento e proteger as comunidades indígenas, disse Mendez.

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Ambos os blocos podem chegar a um acordo sobre os compromissos obrigatórios em julho, durante uma cúpula de líderes europeus e latino-americanos, abrindo caminho para a aprovação final do Conselho Europeu e do Parlamento da UE, disse Mendez.

“Acredito que Lula agora liderando o governo brasileiro abre uma maravilhosa janela de oportunidade para avançar em algo que está parado desde o verão de 2019”, disse Mendez.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil trabalhará para fechar o acordo este ano.

Mendez alertou que a reabertura das negociações para fazer mudanças substanciais poderia atrasar novamente o acordo. O pacto comercial geraria uma economia para ambas as regiões de cerca de € 4 bilhões em tarifas a cada ano, segundo a comissão.

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