Investidores veem juros mais altos por mais tempo nos EUA e bolsas desabam

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Bloomberg — As ações caíram nesta sexta-feira (24) depois que uma leitura de inflação mais alta do que o esperado reforçou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) deve manter as taxas mais altas por mais tempo, o que pode diminuir as chances de uma desaceleração mais suave da atividade econômica nos Estados Unidos, afetando as vendas e os lucros das empresas.

Às 12h21 (horário de Brasília), o S&P 500 caía -1,59%, enquanto o índice Nasdaq recuava -2,03%, operando perto das mínimas do dia. O Ibovespa (IBOV) tinha queda de 1,18% no mesmo horário.

A queda do S&P 500 contribuiu para sua pior liquidação semanal do principal índice de ações americanas desde o início de dezembro.

Também houve um salto nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, à medida que os investidores avaliam que as taxas de juros deve ficar elevadas por mais tempo. A taxa dos títulos com vencimento em dois anos atingiu 4,8%, o maior retorno em desde 2007.

Os contratos futuros estão precificando aumentos de 25 pontos-base nas próximas três reuniões do Fed. As expectativas sobre a taxa de pico subiram para cerca de 5,4% em julho.

O dólar subiu em relação a todos os seus pares de grupo de outras dez moedas.

O índice de preços de gastos com consumo pessoal aumentou 0,6% em relação ao mês anterior, o maior desde junho.

Excluindo alimentos e energia, o núcleo do PCE também subiu 0,6%. Os gastos pessoais, após ajuste para variações de preços, saltaram 1,1%, o maior avanço desde março de 2021, após fraqueza no final do ano passado.

Inflação persistente

Os números mais recentes destacam os riscos de uma inflação persistentemente alta. Grande parte da flexibilização celebrada no final do ano passado foi amplamente apagada após as revisões e a aceleração em janeiro.

Além disso, os gastos do consumidor combinados com a força excepcional do mercado de trabalho tornarão mais difícil para o Fed levar a inflação para sua meta de 2%.

A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que é preciso continuar aumentando as taxas para controlar a inflação, acrescentando que ainda vê as taxas subindo “um pouco” acima de 5% e permanecendo lá por um tempo. “Teremos que fazer um pouco mais para voltar à estabilidade de preços de 2%”, disse ela à emissora americana CNBC.

Os investidores estão despejando ações e dinheiro em favor de títulos, uma vez que se posicionam para o risco de que o Federal Reserve persista com movimentos de política hawkish, disseram estrategistas do Bank of America (BAC).

Os fundos de ações globais perderam US$ 7 bilhões em saídas na semana até 22 de fevereiro, enquanto US$ 3,8 bilhões deixaram fundos de caixa, de acordo com uma nota do banco, que citou dados da EPFR Global. Com US$ 4,9 bilhões, os títulos atraíram adições pela oitava semana consecutiva na mais longa sequência desde novembro de 2021, disse a equipe liderada por Michael Hartnett.

Os gestores de recursos estão fortalecendo as carteiras e protegendo o risco de uma luta prolongada contra a inflação, aderindo ao crédito que vence em apenas alguns anos.

Alguns fundos estão cortando ativamente a chamada duração, uma medida de sensibilidade às taxas de juros, para limitar as consequências se os bancos centrais continuarem subindo para combater a inflação. Outros estão simplesmente se concentrando em notas de curto prazo, pois o rendimento adicional que obtêm de títulos mais longos é muito pequeno para justificar o risco de uma queda quando as taxas sobem.

Em notícias corporativas, as ações da Boeing afundaram após a companhia interromper as entregas de seu 787 Dreamliner devido a um problema de documentação com um componente da fuselagem. A Carvana caiu em uma perda muito maior do que Wall Street esperava para o varejista de carros usados. A Beyond Meat disparou com vendas que superaram as expectativas e a fabricante de carne à base de plantas mostrou progresso em sua meta de se tornar lucrativa.

Na frente geopolítica, a Casa Branca aumentará as tarifas de mais de 100 metais, minerais e produtos químicos russos, informou na sexta-feira em um comunicado anunciando uma nova rodada de medidas para marcar o aniversário de um ano da invasão da Ucrânia.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou a China e outras nações contra o fornecimento de apoio material à Rússia, dizendo que tais ações equivaleriam a uma evasão de sanções e “provocariam consequências muito sérias”.

Em outros países, o iene recuou quando o candidato a governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, alertou contra qualquer solução mágica para produzir uma inflação estável e normalizar a política, já que ele se manteve fiel ao roteiro existente do banco central na primeira audiência parlamentar para aprovar sua nomeação.

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