Mercados cedem enquanto investidores olham para petróleo, emprego e política do Fed

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada de nota publicada originalmente às 6h18)

O mercado se divide entre ir às compras ou acatar os sinais de que o caminho mais provável para os juros norte-americanos é o de alta. Diante das incertezas quanto ao rumo da economia, os investidores dirigem um olhar atento aos indicadores macroeconômicos e hoje, especialmente, às cotações e previsões sobre a trajetória do petróleo. Nesta semana, o protagonismo tem sido dos dados de mercado de trabalho, como o ADP, que ontem mostrou um ritmo de contratações ainda firme no setor privado, apesar do aperto monetário do Federal Reserve (Fed).

Destaque da jornada, a cotação do barril do petróleo em Chicago operava esta manhã entre altas e baixas, situando o preço do produto ao redor de US$ 87. O ouro se valorizava em resposta à busca de investidores por proteção contra os efeitos de combustíveis mais caros sobre a inflação e a incerteza sobre a política do Fed.

No mercado acionário, os vetores são os mesmos, com os ativos inclinam-se para o campo negativo tanto na Europa como nos Estados Unidos, embora os futuros de índice norte-americanos já tenham alternado entre altas e baixas hoje. Na Europa, as bolsas há pouco recuavam em bloco após dados de comércio mais fraco na Zona do Euro.

No mercado de dívida, os prêmios dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA subiam ligeiramente. Já o rendimento dos bônus de 10 do Reino Unido avançava sete pontos base.

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Para a cotação do dólar, as forças contrárias do dia resultavam em volatilidade, com pequena variações ora de alta, ora de baixa. Instantes atrás, a libra se depreciava frente à moeda norte-americana, enquanto o euro operava estável.

Ontem, a Fitch Ratings reduziu a perspectiva da classificação de risco de crédito do Reino Unido de estável para negativa. O motivo é o risco de o novo plano de crescimento do governo aumentar o déficit fiscal do país. A agência mencionou que o plano não mostra uma fórmula para compensar os gastos adicionais e a política fiscal do Reino Unido diverge da política monetária, o que afeta negativamente a confiança do mercado.

→ O que move os mercados hoje

Em meio à insistência de dirigentes do Fed sobre a prioridade de aplacar a inflação, os investidores ora buscam ativos de proteção contra a política monetária restritiva, ora se arriscam com apostas em um afrouxamento das manobras dos EUA, baseados em dados que apontam para uma resiliência da economia. Enquanto esperam as cifras sobre as folhas de pagamento (payroll), programadas para amanhã, os investidores também monitoram o petróleo após o corte de produção da OPEP+, que afeta de muitas formas a atividade e os preços na economia.

⛽ Petróleo x Economia. A cotação do petróleo, que afeta de muitas formas a atividade econômica e os preços, também é destaque nesta jornada. A OPEP+ confirmou ontem o corte de produção de 2 milhões de barris e a Casa Branca respondeu informando que usará reservas estratégicas para combater os efeitos do corte sobre a economia. Enquanto a cotação mais alta da commodity tem poder de pressionar a inflação, analistas ponderam que o combustível mais caro também é inibidor de demanda, o que poderia ajudar a esfriar a economia e contribuir para o objetivo Fed.

🛢️ Petróleo x Geopolítica. Para o Goldman Sachs o barril de Brent chegará a US$ 110 neste último trimestre. Mesmo com estoques recorde nos EUA, há uma demanda ampliada de combustível neste inverno devido à falta de gás. Já na ponta da oferta, um corte de petróleo russo pode se somar à decisão da OPEP+, cuja decisão ocorreu no mesmo dia em que a União Europeia assinou outro pacote de sanções contra a Rússia, estabelecendo um teto de preços para a venda do produto por terceiros. Logo, o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak respondeu que seu país não venderá petróleo a nenhum país que adote o limite de preços.

🇪🇺 Comércio mais fraco. As vendas no varejo da Zona do Euro em agosto decepcionam ao cair -2,0%, contra projeções de -1,7% e o -1,2% da leitura anterior. A alta inflação e o aumento dos custos de financiamento continuam a afetar o consumo na Europa.

🪢 Esticando a corda. Raphael Bostic (Fed de Atlanta), cujo discurso costuma ser sinalizador sobre os passos do banco central dos EUA, disse ontem que é favorável a levar o juro norte-americano a 4,5% até o final deste ano, o que significaria 125 pontos-base de aperto adicional. Sua colega de San Francisco, Mary Daly, alertou contra a expectativa de cortes nas taxas em 2023, e hoje estão previstos discursos de outros quatro integrantes do Fed. O consenso tem prevalecido nos discursos.

🟢 As bolsas ontem (5): As bolsas ontem (5): Dow Jones Industrials (-0,14%), S&P 500 (-0,20%), Nasdaq Composite (-0,25%), Stoxx 600 (-1,02%), Ibovespa (-0,61%)

As bolsas norte-americanas terminaram no vermelho após dois dias de forte valorização. Em uma sessão notadamente volátil, os investidores se orientaram por novos dados mostrando que as empresas contrataram a um ritmo sólido em setembro. A leitura é de que o mercado de trabalho aquecido poderia complicar a luta do Fed para conter a inflação.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Festivo: China

• Indicadores PMIs: Zona do Euro, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, China (PMI Caixin)

• EUA: Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego, Demissões Anunciadas Challenger/Set, Estoques de Gás Natural

• Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Ago); Alemanha (Encomendas à Indústria/Ago); Espanha (Produção Industrial/Ago)

• Ásia: Japão (Reservas Internacionais, Gastos Domésticos/Ago, Massa Salarial/Ago)

• América Latina: Brasil (Produção e Venda de Veículos/Set, IGP-DI/Set); México (Investimento Bruto/Jul); Argentina (Produção Industrial/Ago)

• Bancos centrais: BCE divulga ata da Reunião de Política Monetária. Discursos de Charles Evans, Loretta Mester, Lisa Cook e Christopher Waller (Fed)

📌 Para amanhã:

• EUA: (Relatório de Emprego-Payroll/Set, Vendas no Atacado/Ago, Crédito ao Consumidor/Ago); Zona do Euro (Cúpula de Líderes da União Europeia). Pronunciamentos de John Williams (Fed) e David Ramsden (BoE)

(Com informações da Bloomberg News)