Petrobras: nova política de preços e aposta em renováveis e refino sob Lula

Nos governos de Jair Bolsonaro e Michel Temer, estatal se desfez de ativos em outras áreas e priorizou investimentos em exploração e produção do pré-sal

Petrobras está no centro do debate entre propostas de governo de Jair Bolsonaro e de Lula
Por Daniel Carvalho - Mariana Durao e Peter Millard
26 de Agosto, 2022 | 06:56 PM

Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) vai reverter anos de cortes de custos elogiados por investidores e aumentar os gastos com refino e energia renovável se Luiz Inácio Lula da Silva for eleito em outubro, segundo um importante assessor do ex-presidente.

A petrolífera estatal com sede no Rio de Janeiro também reconstruiria suas operações internacionais para participar de projetos e parcerias tecnológicas no exterior, disse em entrevista à Bloomberg News o senador Jean Paul Prates, que tem discutido a pauta de petróleo e gás da campanha.

“Vamos ter que voltar a ser a grande Petrobras que era”, disse Prates. “Ela precisa se transformar em um player mundial de transição energética.”

A Petrobras reduziu uma dívida que já foi a maior entre as petrolíferas globais, após vender ativos e focar nos campos mais lucrativos do pré-sal. Ela tem distribuído dividendos recordes e os investidores em geral apoiam a mudança que começou há sete anos.

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Preocupações de que a empresa possa voltar a políticas mais nacionalistas após a eleição e começar a subsidiar os preços de gasolina e diesel pesaram nos preços das ações neste ano, em parte em razão de declarações do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Prates disse que a atual política da Petrobras de vender ativos e distribuir dinheiro para os investidores faz com que a empresa esteja “caminhando para o precipício”, pois limitaria os gastos a um grupo de campos de águas profundas que em algum momento entrarão em declínio. Em 30 anos, ele espera que a empresa invista tanto em energia limpa quanto o faz em combustíveis fósseis.

A mudança para energias renováveis ​​não seria repentina. No curto prazo, a Petrobras expandiria suas refinarias enquanto gradualmente faria a transição para energia eólica em alto mar e hidrogênio, disse Prates, que tem conversado com investidores e gestores de fundos sobre as políticas de petróleo e energia de Lula.

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O plano é revisar cada uma das refinarias da Petrobras para avaliar quais seriam as mais fáceis de expandir. Se isso não for suficiente para tornar o Brasil autossuficiente em combustíveis, a empresa talvez precise construir novas instalações e estaria aberta a parcerias, segundo o senador.

Os altos preços da gasolina têm sido uma das questões que minaram a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, atrás de Lula nas pesquisas até agora.

Nova política de preços

Sob Lula, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) passaria a publicar um preço de referência para a gasolina e o diesel que levaria em conta os custos de produção nacional, bem como os preços internacionais.

Os ajustes no preço de referência seriam feitos de acordo com um cronograma pré-definido para oferecer mais previsibilidade aos consumidores, e a Petrobras e outras distribuidoras de combustíveis não seriam obrigadas a seguir o preço publicado.

“Não estou interferindo no mercado, estou dando uma baliza”, disse Prates. “Não quer dizer que o mercado vai praticar sempre aquela referência de preço.”

Um eventual governo Lula também criaria um fundo de estabilização para aliviar choques de preços, como ocorreu quando a Rússia invadiu a Ucrânia, e desenvolver uma estratégia para expandir o armazenamento de combustível. Não seria reestabelecido o monopólio do refino, que terminou no final dos anos 1990.

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