Quais são as ações que se beneficiam da queda da inflação, segundo a XP

Compor uma carteira diversificada com ativos que se beneficiem de variações na inflação pode contribuir para mitigar o risco no portfólio

IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do Banco Central, caiu 0,73% em agosto
24 de Agosto, 2022 | 05:55 PM

Bloomberg Línea — A inflação tem sido o grande tema deste ano, com preços subindo desenfreadamente em todo o mundo, impulsionados pela alta dos combustíveis, energia e alimentos, além dos efeitos da pandemia de covid e da crise da cadeia de suprimentos.

O movimento tem levado bancos centrais ao redor do globo a elevarem as taxas de juros de forma a conter o aumento nos preços.

No Brasil, onde o Banco Central vem elevando os juros desde março de 2021 – e a Selic acumula aumento de 11,75 ponto percentual no período, passando de 2% para 13,75% ao ano –, os dados do IPCA-15 divulgados nesta quarta-feira (24) mostraram uma deflação de 0,73% em agosto, no terceiro mês consecutivo de desaceleração dos preços.

Neste cenário, compor uma carteira diversificada com ativos que se beneficiem de mudanças na inflação – seja para cima ou para baixo – pode ser fundamental para reduzir possíveis perdas em um contexto de grande volatilidade, em especial para ativos de risco.

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Estudo da equipe de analistas quantitativos da XP mostra quais ações tendem a surfar melhor esse cenário. O levantamento busca identificar os ativos brasileiros mais sensíveis à inflação, analisando a relação entre retornos e o IPCA, e controlando possíveis distorções por exposição ao mercado.

De forma geral, escreve a XP, empresas de consumo discricionário tendem a se beneficiar de uma inflação mais baixa, enquanto consumo básico e imobiliário costumam ter um desempenho melhor no cenário oposto.

Ações que se beneficiam da inflação mais alta

No grupo de ações que tendem a apresentar melhor desempenho em um cenário de preços em alta estão aquelas dos setores de varejo, bancos e shopping centers.

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São nomes que conseguem, segundo a XP, repassar a alta dos preços, se beneficiar de um consequente ciclo de alta de juros, ou então, têm expansão de margem com a subida do IPCA, por terem contratos indexados à inflação.

Para o levantamento, a XP analisou os retornos mensais nos últimos 10 anos até junho de 2022 das ações que fazem parte do Ibovespa. Compõem o grupo os papéis com maior correlação positiva com a variação mensal do IPCA nesse período. Confira:

EmpresaCódigoSetorBeta x IPCA
Assaí*ASAI3Varejo6,4
Iguatemi*IGTI11Shoppings3,4
Carrefour Brasil*CRFB3Varejo2,8
SantanderSANB11Bancos2,5
MultiplanMULT3Shoppings2,4
Fonte: XP
*Data de início da análise: ASAI3 abr/21; IGTI11; dez/21; CRFB3 ago/17

De forma a ranquear os papéis, foi utilizada a relação entre a geração de beta e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Um beta alto (positiva ou negativamente) sugere que a ação é mais volátil, o que rende prêmios (ou perdas) em magnitudes maiores quando o IPCA varia.

Um beta positivo indica que a relação é direta, ou seja, quando o IPCA sobe, a ação sobe. Já um beta negativo sugere relação inversa: quando o IPCA cai, a ação sobe.

Ações que se beneficiam da baixa da inflação

Na ponta oposta, papéis que são negativamente correlacionados com a variação mensal do IPCA no período apresentaram melhores retornos em um contexto de queda dos preços.

Quanto mais negativo esse beta, mais forte o efeito da inflação sobre os papéis, escrevem os analistas.

De forma geral, papéis de empresa do varejo tentem a compor esse grupo, dado que a inflação alta reduz o poder de compra dos consumidores, levando-os a despriorizar categorias mais discricionárias. Além disso, taxas de juros crescentes aumentam os custos de financiamento, sendo prejudiciais para empresas de crescimento.

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Confira:

EmpresaCódigoSetorBeta x IPCA
AmericanasAMER3Varejo-12,0
Magazine LuizaMGLU3Varejo-11,9
Petz*PETZ3Varejo-11,5
ViaVIIA3Varejo-10,4
NaturaNTCO3Varejo-3,8
Fonte: XP
*Data de início da análise: outubro de 2020

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.