Latitud lança app para que startups captem de fundos globais

O Latitud Go fornece estrutura de offshore com holding em Delaware, Ilhas Cayman, e operação local na América Latina

O cofundador do Latitud, Brian Requarth
01 de Fevereiro, 2022 | 08:00 AM

O ecossistema de empreendedorismo e inovação da América Latina Latitud está lançando uma plataforma para ajudar startups a captarem de fundos globais.

A cada ano cresce a participação de renomados investidores de capital de risco internacionais como a Tiger, Sequoia e DST na América Latina. Segundo a LAVCA (Associação para o Investimento em Capital Privado na América Latina) em 2019, 21% dos investimentos na região incluíram pelo menos um investidor global. Já em 2020, essa porcentagem subiu para 23% e só na primeira metade do ano passado essa participação internacional chegou a 31%.

Quando vão investir na região, esses fundos normalmente o fazem por meio de uma entidade c-corp, modelo de empresa nos Estados Unidos permitida para os estrangeiros. Contudo, esse modelo faz com que as empresas latino-americanas paguem impostos dos EUA que podem chegar a mais de 20% do investimento. Já as LLC (Limited Liability Company), modelo de sociedade limitada dos Estados Unidos, não são aceitas por fundos de capital de risco institucionais.

Enquanto startups americanas conseguem formar o modelo de corporation em uma semana e fechar uma rodada de investimento, para as empresas brasileiras que querem uma estrutura internacional pode levar até um mês para abrir a empresa, validar assinaturas nos Estados Unidos e mandar documentos de volta para o Brasil.

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“Sabemos que um monte de dinheiro de fora está entrando no Brasil e na América Latina e temos muitas startups que já valem muito dinheiro. Mas uma coisa que é muito dolorosa é quando você está começando o negócio e não sabe qual estrutura que deve ter, se uma sociedade limitada, se uma empresa em Delaware. É muito complicado navegar todo esse processo legal”, explica Brian Requarth, cofundador do Latitud.

Criado em 2020 por Requarth (cofundador do marketplace imobiliário VivaReal), Gina Gotthilf (brasileira com experiência no Tumblr e no Duolingo) e Yuri Danilchenko (ex CTO da Escale), o Latitud começou como um programa de mentoria e networking para empreendedores da região. Além da parte educativa do negócio - que tem celebridades mentoras como David Vélez, do Nubank, e Sergio Furio, da Creditas - o Latitud conta com uma rede de anjos para investir nas startups.

O Latitud Go é a primeira solução de infraestrutura da unidade de produtos digitais da comunidade. A plataforma promete preparar startups em estágios iniciais com a estrutura jurídica e fiscal necessária para os mercados globais de forma duas vezes mais rápida e cinco vezes mais barata do que escritórios de advocacia tradicionais, que podem cobrar cerca de US$ 25 mil para abrir a estrutura de uma nova startup para o capital de risco estrangeiro.

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Preparando startups da LatAm para o mundo

No momento da abertura da empresa, o Latitud Go fornece uma estrutura de offshore (sociedade extraterritorial) para as startups em três partes: uma holding intermediária em Delaware, nos Estados Unidos, uma holding nas Ilhas Cayman, do Reino Unido, e uma operação local na América Latina.

Requarth conta que teve uma experiência ruim quando vendeu seu negócio do VivaReal para a OLX por R$ 2,9 bilhões em 2020. “Acabei fazendo um tipo de negócio que era um Delaware c-corp, e quando vendemos a empresa pagamos US$ 100 milhões em muitos impostos desnecessários”, conta. “Quando você é um fundador, é uma perda de tempo ter que aprender questões legais. Os fundadores precisam focar no produto, por isso nasceu o Latitud Go”.

Yan Mendes, gerente de produto do Latitud, explica que os fundadores podem se cadastrar na plataforma por meio de um formulário de 15 minutos. Depois, eles passam por uma autenticação digital e o aplicativo coleta assinaturas. Por fim, o processo segue automaticamente.

“É como se hoje em dia o fundador fosse em um mecânico para que construíssem um carro personalizado para ele. O que a gente faz é entregar o carro pronto para que ele já saia dirigindo”, diz Mendes.

O Latitud Go tem parcerias com os fundos brasileiros investidores de estágios iniciais como o Canary e a Maya Capital. “Eles estão bem contentes com a plataforma porque isso facilita para eles fecharem negócio também. Eles estão mandando potenciais clientes para nós. Se o Canary vai investir US$ 1 milhão, eles preferem que US$ 30 mil não vá direto para pagar advogados, mas sim para contratar pessoas e desenvolver produtos”, explica Requarth.

A plataforma tem parceria com escritórios de advocacia do Brasil e dos Estados Unidos e garante para as startups ferramentas e serviços como contas bancárias, softwares de gestão, parceiros contábeis e jurídicos, além do processo de abertura e regulamentação do negócio.

Até agora, o Latitud Go operou em um beta fechado para membros da comunidade e já tem 15 clientes no Brasil, mas a ideia é que o serviço fique disponível para toda a América Latina em breve.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups