‘Nação de startups’ de Macron desafia Londres no longo prazo

Startups francesas levantaram 5,14 bilhões de euros somente no primeiro semestre

Em 2020, pela primeira vez, empresas de tecnologia da França acumularam a mesma quantia de financiamento que companhias alemãs do setor
Por Benoit Berthelot
07 de Novembro, 2021 | 07:07 AM

Em 2017, quando o recém-eleito presidente da França, Emmanuel Macron, disse: “Quero que a França seja uma nação de startups”, seus detratores usaram a frase para zombar dele.

A França não conseguia atrair capital de risco, com o número anual de investimentos em startups em queda em 2016, ficando atrás do Reino Unido e da Alemanha, de acordo com dados do Pitchbook.

Agora, investidores voltam a apostar em startups francesas. Em um dia recorde em setembro, duas startups francesas de tecnologia - Sorare e Mirakl - levantaram mais de US$ 1 bilhão. Nas últimas semanas, a fintech Swile captou US$ 200 milhões em uma rodada de financiamento liderada pelo SoftBank, e a mesma quantia foi levantada pela empresa de tecnologia educacional 360learning. A França já conta com 20 unicórnios de tecnologia - empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão -, a caminho de superar a meta da Macron de 25 empresas desse tipo até 2025.

“A meta será cumprida até o fim do ano”, disse em entrevista o bilionário Xavier Niel, grande investidor do setor. Ele financia cerca de 100 startups na fase inicial todos os anos por meio de seu veículo de investimento Kima Ventures. “Acho que deveríamos estar falando sobre ‘decacorns’ agora”, ou empresas com valor acima de US$ 10 bilhões.

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Após décadas de tentativas e fracassos em alavancar suas habilidades de engenharia e tecnologia, uma nova geração de fundadores de empresas na França pode finalmente estar se beneficiando da popularidade ao estilo do Vale do Silício. Nos primeiros seis meses do ano, startups de tecnologia arrecadaram um valor recorde, quase a mesma quantia que no ano passado - 5,14 bilhões de euros (US$ 6 bilhões) em comparação com 5,39 bilhões, de acordo com o termômetro de venture capital da EY no primeiro semestre.

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Em 2020, pela primeira vez, empresas de tecnologia da França acumularam a mesma quantia de financiamento que companhias alemãs do setor. Mas ainda estão atrás do Reino Unido, onde as startups captaram quase três vezes mais no primeiro semestre, um dado minimizado pelo ministro da França para Assuntos Digitais, Cedric O.

Se a boa fase da França continuar, “Londres terá motivos para se preocupar no longo prazo”, disse em entrevista.

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O ministro atribui o sucesso recente da França ao lobby do governo de Macron, como convidar investidores todos os anos ao Palácio do Eliseu e organizar as cúpulas de tecnologia “Escolha a França” em Versalhes. E a prova é uma série de medidas tomadas para resolver as preocupações do setor, disse.

“Fizemos uma série de reformas para atender aos padrões internacionais - sobre tributação, mercado de trabalho, vistos”, disse.

Para manter o “momentum” enquanto Macron se prepara para concorrer à reeleição no próximo ano, ele recentemente revelou o plano “França 2030” para investir 30 bilhões de euros em uma década em áreas como inteligência artificial, quantum, semicondutores, nuclear, hidrogênio e espaço, com metade dos fundos direcionados a pequenas empresas.

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