Alibaba, de Jack Ma, faz mudança surpresa de CEO após 8 anos. Entenda as razões

Eddie Wu vai assumir como presidente-executivo da gigante de tecnologia no lugar de Daniel Zhang, que ficará à frente de negócios na nuvem; Joseph Tsai será o chairman

Letreiro do Alibaba Group em sua sede em Hangzhou, na China: mudança no comando (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)
Por Jane Zhang
20 de Junho, 2023 | 08:54 AM

Bloomberg — O Alibaba Group (BABA) decidiu substituir o seu CEO veterano Daniel Zhang do comando da gigante de tecnologia, no momento em que a empresa líder de e-commerce na China que perde participação de mercado e luta para reviver o crescimento na era pós-Covid.

O vice-presidente executivo Joseph Tsai, executivo de confiança de longa data do bilionário cofundador Jack Ma, assumirá o cargo de Zhang como presidente do conselho de administração.

Eddie Wu, agora presidente do conselho das principais divisões de comércio online Taobao e Tmall do Alibaba, assumirá o cargo de CEO da empresa avaliada em US$ 240 bilhões.

A saída inesperada de Zhang ocorre depois que o Alibaba anunciou uma reestruturação em seis frentes para tentar aumentar o crescimento e criar uma família de líderes independentes em negócios, desde computação em nuvem e logística até comércio internacional.

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Ele revelou sua grande visão em detalhes no momento em que o Alibaba registrou seu terceiro trimestre consecutivo de crescimento de receita de um dígito, reforçando as preocupações de que uma recuperação dos gastos do consumidor chinês pode estar mais distante do que o previsto.

As ações do Alibaba caíram 2,4% durante as negociações de pré-mercado em Nova York nesta terça-feira (20).

“O lado bom é que o novo CEO e o presidente do conselho são todos co-fundadores da empresa e os mais próximos de Jack Ma. Isso significa que Ma continua sendo o líder espiritual do Alibaba”, disse Kenny Wen, chefe de estratégia de investimentos da KGI Asia Ltd. “Não acho que a mudança de gestão sinalize uma grande mudança de estratégia.”

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Zhang permanecerá como chefe do negócio de nuvem. Ele assumiu o comando em 2015 depois de ganhar destaque como um dos arquitetos da iniciativa de “novo varejo” do Alibaba, destinada a casar o varejo físico e o online e estender o domínio da empresa em áreas que se estendiam de shoppings a supermercados. Ele se tornou presidente do conselho alguns anos depois, quando o crescimento aumentou e o Alibaba em determinado momento se tornou a empresa mais valiosa da China.

Então, no segundo semestre de 2020, os agentes reguladores da China reprimiram Ma e seu braço financeiro, o Ant Group, depois que o bilionário teria causado a sua irritação. Pequim iniciou uma repressão na esfera de tecnologia de propriedade privada logo depois, acusando o Alibaba de comportamento monopolista antes de aplicar uma multa recorde pelas supostas violações.

Joseph Tsai, que assume como presidente do conselho do Alibaba (Foto: David Paul Morris/Bloomberg)dfd

A partir de então, a empresa nunca mais recuperou seu crescimento estratosférico, especialmente porque novos entrantes como a ByteDance, dona do TikTok, e a PDD Holdings minaram seu negócio principal. Ela começou a perder participação de mercado na nuvem, seu outro motor de crescimento, para rivais estatais.

Wu, co-fundador do Alibaba, é creditado por ajudar no desenvolvimento da plataforma de publicidade digital da empresa, a Alimama, e do Alipay, fintech com funcionalidades semelhantes às do PayPal, agora parte do Ant Group. Não está claro se a nova administração reconsiderará maneiras de segregar as partes mais valiosas do império Alibaba por meio de listagens separadas.

O que a Bloomberg Intelligence diz:

A nomeação de um novo CEO do Alibaba, Eddie Wu, atual presidente do conselho do Taobao e do Tmall Group, reflete um provável aumento na contribuição da unidade para a holding, principalmente porque as participações em três das outras cinco entidades enfrentam diluição de IPOs iminentes e captação de recursos externos. A realocação do atual CEO Daniel Zhang, uma figura bem conhecida entre os investidores, para o negócio de nuvem altamente dinâmico pode oferecer alguma segurança aos acionistas do Alibaba enquanto aguardam sua parte nesta unidade por meio de dividendos de ações.

- Catherine Lim e Trini Tan, analistas da Bloomberg Intelligence

Incertezas macro no radar

Além da crescente concorrência, o Alibaba também sofre com as incertezas macroeconômicas na China. Uma recuperação pós-Covid na segunda maior economia do mundo está perdendo força rapidamente, com a atividade parcialmente prejudicada pelos esforços de Washington para restringir o acesso da China a tecnologias críticas.

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Embora Pequim tenha sinalizado apoiar o setor privado depois que sua dura repressão basicamente obliterou o ritmo de crescimento do setor de internet, que antes era inebriante, essas promessas ainda não se traduziram em políticas significativas.

A mais recente manobra da gigante chinesa do comércio eletrônico traz “a antiga gestão do Alibaba de volta ao palco”, disse Willer Chen, analista sênior de pesquisa da Forsyth Barr Asia. “Não tenho certeza se é uma coisa boa para o Alibaba, dado que agora a chave deve ser novos impulsionadores de crescimento e o plano de reestruturação.”

- Com a colaboração de Ville Heiskanen.

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