Bloomberg Línea — O segmento de private banking e de wealth tem sido um dos mais disputados no Brasil nos últimos anos.
Instituições como Itaú Unibanco, BTG Pactual, UBS, Citi e outras competem pelos investimentos de clientes com patrimônio na casa de muitos milhões de reais, enquanto bandeiras como Visa e Mastercard lançam produtos premium para capturar gastos com cartão de crédito para altíssima renda.
Nesse cenário, o C6 Bank triplicou os recursos sob gestão vinculados a family offices desde maio, quando o banco passou a operar oficialmente com esse perfil de cliente, segundo contou Igor Rongel, head de investimentos e private banking da instituição, em entrevista à Bloomberg Línea.
O banco digital fundado e liderado por Marcelo Kalim e que tem o JPMorgan como sócio com 46% do capital não divulgou números absolutos: informou que opera hoje com cerca de 70 family offices.
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“O projeto de family office nasceu no sentido inverso. Tivemos a demanda dos clientes de private”, afirmou Rongel.
Segundo o executivo, clientes do Graphene, segmento private do banco, queriam investir, mas precisavam consolidar as posições com seus family offices para contar com uma visão completa do patrimônio.
O Graphene exige patrimônio mínimo de R$ 5 milhões. Os family offices já representam cerca de 10% do total de recursos sob gestão do segmento private, segundo Rongel.
Entre julho de 2024 e dezembro deste ano, o Graphene cresceu 50% em número de clientes e mais de 100% em volume de recursos sob gestão.
O banco conta com aproximadamente 30 profissionais, denominados Graphene Partners, dedicados exclusivamente ao atendimento do segmento.
Rongel disse que o incremento maior de recursos em relação ao número de clientes indica aumento de share of wallet.
“O cliente entra com R$ 5 milhões, opera dois meses e conhece como é o atendimento. Para o banco, é relevante porque crescemos mais do que o dobro em recursos do que em clientes.”
O C6 não cobra taxas de administração ou performance dos family offices. Cada family office define sua estrutura de cobrança junto aos clientes. O banco fornece sistemas para que os family offices visualizem e gerenciem as carteiras de forma consolidada.
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A estratégia se baseia em três pilares: atendimento personalizado, remuneração de assessores desvinculada de produtos específicos e parceria com o JPMorgan, que atua como sócio estratégico que fornece solidez institucional e acesso à sua rede global de serviços.
“Nenhuma remuneração é atrelada a nenhum tipo de produto. O time comercial sequer sabe quanto remunera cada produto”, afirmou Rongel.
Novo cartão Mastercard World Elite
Todos os clientes Graphene recebem o cartão Mastercard Black.
O banco planeja lançar o Mastercard World Elite no primeiro trimestre de 2026, produto anunciado pela bandeira para disputar o topo do mercado premium. O cartão será oferecido dentro do Graphene, mas não estará disponível para todos os clientes do segmento.
A Mastercard anunciou o World Elite em momento de crescente concorrência no mercado de cartões para alta renda, segmento que movimenta bilhões de reais em gastos anuais. A Visa também reforçou produtos premium neste ano.
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O perfil dos clientes de family offices do C6 inclui médicos, empresários e investidores de diferentes setores, segundo o executivo.
“O C6 reflete o mercado porque, muitas vezes, o family office acaba trazendo a carteira inteira de clientes”, disse Rongel.
Os clientes do Graphene mantêm uma alocação do patrimônio em dólar superior à média do mercado. “Esse cliente já é mais dolarizado via de regra. A vida dele é mais dolarizada”, afirmou o executivo.
Segundo o head do private banking do C6, a estrutura atual suporta crescimento pelos próximos dois ou três anos. “Consigo prestar serviço e ganhar escala e vou aumentando o número de banqueiros”, afirmou Rongel.
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