Bloomberg — O Parlamento Europeu aprovou medidas para proteger os agricultores europeus em um possível acordo comercial com os países sul-americanos, uma etapa técnica fundamental necessária para finalizar o pacto histórico.
Os legisladores deram sinal verde às chamadas salvaguardas durante uma votação na terça-feira.
As medidas protegerão as empresas agroalimentares locais de oscilações repentinas nas importações ou nos preços - uma medida destinada a abordar as preocupações que a França, a Itália e outros países levantaram sobre o acordo comercial, o maior já firmado pela UE.
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Os legisladores e os estados-membros da UE estão correndo para finalizar o acordo com o bloco do Mercosul - Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai - antes de uma possível cerimônia de assinatura no sábado.
A não conclusão do acordo agora poderia inviabilizar todo o esforço após 25 anos de negociações, representando um golpe na credibilidade do bloco com seus parceiros, alertaram autoridades e diplomatas da UE.
A França disse que não está pronta para aprovar o acordo, pedindo um adiamento até, pelo menos, o início do próximo ano.
A Itália, cujo apoio é crucial, ainda não sinalizou uma posição final, mas disse anteriormente que um acordo com proteções agrícolas suficientes poderia funcionar.
Agora que o Parlamento finalizou suas salvaguardas do Mercosul, ele trabalhará para harmonizá-las com as que os Estados membros aprovaram recentemente, possivelmente já na quarta-feira.
Se isso acontecer, os governos poderão então dar o aval para que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assine o acordo neste fim de semana no Brasil.
Mas, atualmente, não há apoio suficiente entre os países para que o acordo seja aprovado, disse uma autoridade alemã, falando sob anonimato para discutir as negociações delicadas.
Os líderes da UE chegam na quarta-feira para sua cúpula regular de fim de ano em Bruxelas, onde se espera que o assunto seja discutido. Milhares de agricultores também irão a Bruxelas para protestar contra o acordo.
O acordo com o Mercosul é uma tentativa de criar um mercado integrado de 780 milhões de consumidores, impulsionando o setor manufatureiro da UE, que se encontra em dificuldades, e facilitando o acesso da Europa ao vasto setor agrícola do Mercosul.
O acordo também ajudaria ambas as regiões a se diversificarem em relação aos EUA depois que o presidente Donald Trump impôs tarifas mundiais.
Se o acordo entrar em colapso, a perda econômica atingirá mais os países do Mercosul, uma vez que os ganhos potenciais do acordo são maiores para o bloco sul-americano, disseram Antonio Barroso e Jimena Zuniga em um relatório para a Bloomberg Economics.
Mas o fracasso seria um profundo golpe geopolítico para a UE, acrescentaram, dificultando um esforço para abrir novos mercados e combater as tarifas dos EUA.
O continente também perderia uma ferramenta fundamental para promover seus interesses na região com a aproximação da China.
--Com a ajuda de Michael Nienaber.
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