Raízen mira novas captações em dívida verde ante confiança do mercado, diz CFO

Nosso objetivo é ser uma das referências no Brasil em títulos verdes e operações de mercado de capitais, diz Carlos Moura à Bloomberg News após emissão de US$ 1,5 bilhão

Produção sustentável de cana-de-açúcar, como a da Raízen, atrai investidores no mercado externo (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
Por Caleb Mutua e Dayanne Sousa
29 de Fevereiro, 2024 | 12:17 PM

Bloomberg — A Raízen (RAIZ4) pretende se tornar uma emissora regular de títulos ligados à sustentabilidade depois da captação de US$ 1,5 bilhão para ajudar a financiar sua produção de biocombustível a partir do bagaço de cana-de-açúcar.

“Nosso objetivo é ser uma das referências no Brasil em títulos verdes e operações de mercado de capitais”, disse o diretor financeiro (CFO) Carlos Moura em entrevista na quarta-feira (28) à Bloomberg News.

A maior fornecedora mundial de etanol de cana captou no mercado de grau de investimento dos EUA com uma transação em duas partes. A demanda dos investidores pela oferta atingiu US$ 8,8 bilhões, permitindo à empresa restringir as negociações de preço na parte mais longa da oferta, disse Moura.

“Para nós é um sinal claro de confiança do mercado e precisamos honrar essa confiança em nossas possibilidades”, disse ele.

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O bond de 30 anos levantou US$ 500 milhões a 265 pontos-base acima dos Treasuries, após discussões iniciais de um spread de mais de 300 pontos-base, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada porque a informação não é pública. A empresa também emitiu um título de US$ 1 bilhão com prazo de 10 anos.

O interesse global em torno do tema da transição energética e uma situação econômica brasileira favorável influenciaram o momento da colocação, disse ele. Emitir agora também ajudará a empresa a evitar qualquer volatilidade em torno das eleições presidenciais nos EUA, em novembro.

“Este é o momento mais adequado para estabelecer este primeiro grupo de títulos verdes”, acrescentou.

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O mercado de emissões de grau de investimento nos EUA teve seu início de ano mais movimentado já registrado, e empresas e governos latino-americanos se juntaram à corrida para emitir títulos ligados à sustentabilidade.

Os tomadores da região já levantaram cerca de US$ 7,2 bilhões com captações ESG em dólar e euros neste ano, até 28 de fevereiro, mais do que o triplo do volume no mesmo período do ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Os recursos da venda serão usados ​​para construir novas usinas de etanol de bagaço de cana, além de melhorar o rendimento agrícola e aumentar a eficiência das operações atuais, disse Moura.

A empresa, uma parceria entre a Shell e a Cosan (CSAN3), opera atualmente duas usinas do chamado etanol de segunda geração e planeja construir mais sete até 2027.

A Raízen ainda antecipou recebíveis de US$ 617 milhões provenientes de contratos de longo prazo com seus compradores. Esses contratos valem um total de mais de € 4 bilhões de euros (US$ 4,3 bilhões), disse Moura.

A empresa pode considerar explorar os mercados de dívida europeus para seus futuros títulos verdes como parte da expansão de seu programa para os mercados de capitais.

“Naturalmente, a Europa é um destino óbvio para a nossa abordagem de mercado”, disse ele.

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