Reunião de julho tem opções em aberto, diz Powell após pausar alta do juro

Federal Reserve, o banco central americano, manteve taxas no intervalo de 5,00% a 5,25% nesta quarta, na primeira pausa no ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2022

“Queremos ver evidência clara de que inflação passou pico e está caindo”, disse o presidente do Fed
14 de Junho, 2023 | 04:17 PM

Bloomberg Línea — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsáveis por definir a política monetária, não discutiram a fundo o que fazer com os juros na próxima reunião, em julho, depois de terem mantido as taxas entre 5% e 5,25% na reunião desta quarta-feira. “Realmente acredito que julho será uma reunião com opções em aberto”, disse Powell em sua tradicional entrevista depois da reunião.

Mesmo com os próximos movimentos em aberto, o mercado interpretou o comunicado do banco central e as próprias palavras de Powell como “hawkish”, sinalizando que há boas probabilidades de uma alta de 0,25 ponto na reunião do próximo mês.

“Queremos ver evidência clara de que inflação passou pico e está caindo”, disse. “Ainda há riscos para a alta da inflação.”

Apesar de a inflação dos Estados Unidos em 12 meses ter caído de 4,9% em abril para 4% em maio, Powell destacou que os núcleos dos índices ainda estão altos. O presidente do Fed se esquivou de comentar sobre as políticas de gastos da Casa Branca e qualquer relação com a inflação, mas disse que a trajetória fiscal do país não é sustentável e que isso terá que ser resolvido. No fim de maio, o Congresso americano e a Casa Branca chegaram a um acordo para aumentar o teto limite da dívida do país.

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Durante a entrevista, o humor nas bolsas de valores melhorou, já que os três principais índices americanos tiveram forte queda depois do anúncio do comunicado às 15h (de Brasília). No fechamento, o S&P 500 e o Nasdaq voltaram para o azul, com ganhos de 0,08% e 0,39%, respectivamente. O Dow Jones operava com queda de 0,68%.

O dólar, que chegou a recuperar as perdas do dia frente ao real às 15h, perde força agora no fim da tarde, renovando a mínima e cotado a R$ 4,815.

Questionado sobre as razões para a pausa das altas dos juros, já que o próprio Federal Reserve reconhece que um aumento de 0,25 ponto na reunião seguinte é provável, Powell destacou que o ritmo do aperto é algo separado da taxa final que se deseja alcançar.

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Assim, não faria sentido “já aumentar os juros”, principalmente porque o banco central quer observar efeitos defasados das altas realizadas até agora e da situação de crédito dos bancos.

“Faz sentido moderar o ritmo das altas conforme chegamos a nosso destino no aperto”, disse Powell. “A manutenção de hoje é um prolongamento da política recente.”

De acordo com Powell, nenhum dirigente previu um corte na taxa de juros neste ano assim como o próprio presidente acredita que um corte seria algo inapropriado, diferentemente do que espera uma ala do mercado.

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Victor Sena

Editor assistente na Bloomberg Línea. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Especializado em cobertura de economia.