O que é a ‘geração laptop’ que Elon Musk defende que tem que acabar

Com a crise econômica, bancos e big techs são pressionados por investidores a apresentar resultados e entendem que o trabalho remoto é um alvo perfeito

Una persona utiliza un ordenador portátil mientras trabaja desde su casa en una fotografía arreglada tomada en Tiskilwa, Illinois, Estados Unidos, el martes 8 de septiembre de 2020. Fotógrafo: Daniel Acker/Bloomberg
20 de Maio, 2023 | 09:33 AM
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Bloomberg Línea — Com o fim da pandemia e o retorno à normalidade, várias das empresas pioneiras na adoção do trabalho remoto durante o período de três anos estão exigindo que seus funcionários retornem ao escritório, mas a chamada “geração laptop” está se tornando um desafio para elas.

Depois que as sucessivas novas ondas de pandemia atrasaram seus planos, empresas de tecnologia como Apple (AAPL), Google (GOOG), Amazon (AMZN) e Twitter (TWTR) já orientaram seus funcionários a voltar ao escritório, mesmo que ainda em modelo híbrido.

No mundo financeiro, o Barclays também exigiu que os banqueiros de investimento voltassem ao escritório em um contexto de “ambientes de mercado mais complicados nos quais o envolvimento proativo e o conteúdo instigante são mais importantes para os clientes”, segundo informou a Bloomberg News.

JPMorgan (JPM) e BlackRock também convocaram de volta seus profissionais.

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As empresas agora são pressionadas por investidores para entregar bons resultados e viram no trabalho remoto o alvo perfeito para justificar as quedas na produtividade.

Em meio a esse cenário, o mundo corporativo se deparou com um cenário desafiador por causa de dois fenômenos: a onda de demissões voluntárias – funcionários abandonando seus empregos em busca de melhores condições de trabalho – e uma onda sem precedentes de layoffs devido a um cenário econômico adverso marcado pela alta inflação e pelas pressões das taxas de juros.

Estima-se que mais de 154.000 pessoas foram demitidas no setor de tecnologia em 2022, de acordo com o site layoffs.fyi.

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Em entrevista à Insider, o investidor em tecnologia e managing partner da Deepwater Asset Management, Gene Munster, disse que a onda de demissões pode se estender por mais tempo.

Ele observou que as empresas ainda não terminaram seus esforços para cortar despesas operacionais por meio de demissões e que as pressões seriam especialmente maiores para as big techs.

Ele disse que as empresas podem ficar cada vez mais rigorosas com a chamada “geração laptop”, definida como trabalhadores que se recusam a voltar ao escritório e dependem mais de alternativas flexíveis.

Laptop class” é um conceito que foi apropriado nos EUA no contexto da pandemia para se referir a um grupo de pessoas com a capacidade e os recursos financeiros para trabalhar ou estudar remotamente usando laptops de qualquer lugar do mundo.

As críticas estão relacionadas à interpretação de que o trabalho e o estudo remotos são menos eficientes ou produtivos em comparação com as interações presenciais.

Estima-se que, no contexto do boom do trabalho remoto, mais de 25 países tenham implementado vistos específicos para nômades digitais.

De acordo com os números citados pelo software de aluguel de temporada Hostify, 35 milhões de pessoas no mundo atualmente se descrevem como nômades digitais e esse número deve aumentar para 1 bilhão até 2035.

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Em várias ocasiões, Elon Musk, proprietário de empresas como Tesla (TSLA) e Twitter, criticou o trabalho remoto e recentemente chegou a afirmar que é “moralmente errado” em uma entrevista à CNBC.

“Você trabalha de casa, mas as pessoas que fabricam seu carro e preparam sua comida não podem. Isso é moralmente correto? É um problema moral. As pessoas deveriam descer do pedestal moral com essa bobagem de trabalhar em casa”, disse a segunda pessoa mais rica do mundo.

Elon Musk criticou a “geração laptop”, dizendo que eles querem em um mundo da fantasia.

Musk já havia ordenado no ano passado que seus funcionários da Tesla passassem pelo menos 40 horas por semana no escritório, acreditando que “as pessoas são mais produtivas quando trabalham presencialmente”.

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De acordo com um relatório global da empresa de tecnologia Hubspot, 33% dos funcionários flexíveis consideram que criar relacionamentos e fazer conexões é o maior desafio de trabalhar com uma equipe híbrida.

Além disso, 66% disseram que a programação flexível os ajudaria a aumentar sua produtividade.

E, embora 40% dos trabalhadores acreditem que provavelmente deixarão seu emprego até 2023, mais de um terço cita o relacionamento com os colegas como um fator motivador para ficar, destacou a Hubspot.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.