Como o CEO do SoftBank chegou a uma dívida de US$ 4,7 bi com o grupo que fundou

Valor que Masayoshi Son deve ao SoftBank por sua participação no Vision Fund 2 e no LatAm funds aumentou em US$ 750 milhões só no último trimestre

Dívida chegou a cerca de US$ 4,7 bilhões em acordos paralelos feitos originalmente para aumentar sua remuneração
Por Min Jeong Lee - Pei Yi Mak - Takahiko Hyuga
19 de Novembro, 2022 | 10:12 AM

Bloomberg — Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank, está pessoalmente envolvido em cerca de US$ 4,7 bilhões em acordos paralelos que estabeleceu no grupo para aumentar sua remuneração, depois que perdas crescentes no portfólio de tecnologia eliminaram o valor de sua participação no Vision Fund. Esse é o valor de sua dívida com o grupo, o maior investidor em empresas de tecnologia do mundo.

Ao longo dos anos, as controversas participações pessoais do bilionário japonês nos investimentos do SoftBank atraíram críticas dos investidores, que apontaram a mistura de interesses pessoais e corporativos como uma preocupação de governança corporativa.

Son - que detém uma participação de mais de 30% no SoftBank - negou que houvesse um conflito de interesses e disse que se tratava uma remuneração por sua experiência nos negócios, em vez de taxas cobradas sobre os investimentos.

Mas a iniciativa de Son de envolver as suas finanças pessoais nos negócios do Softbank acabou se voltando contra o maior investidor em tecnologia do mundo. Son perdeu mais de US$ 4 bilhões em seus negócios paralelos durante o trimestre encerrado em junho, segundo a Bloomberg News informou anteriormente.

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Na semana passada, Son disse que estava se afastando de conduzir as principais teleconferência de resultados para se concentrar na Arm, fabricante de chips, para uma listagem pública - um evento que daria ao SoftBank combustível para buscar novos investimentos. O SoftBank agora vai aguardar a passagem do chamado “inverno tech” e pagará sua dívida, disseram ele e seus assessores.

O braço do SoftBank de capital de risco, o Vision Fund, registrou um prejuízo trimestral de US$ 7,2 bilhões na semana passada, impulsionado pela queda no valor de empresas do portfólio, como SenseTime Group, DoorDash e GoTo Group.

A empresa tem vendido ativos para levantar caixa e fortalecer seu balanço e chegou a registrar ganhos com a venda de uma parte de sua participação no Alibaba Group.

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“Precisamos partir para a defesa total”, disse o diretor financeiro do SoftBank, Yoshimitsu Goto. “O SoftBank está pessimista quanto às perspectivas. Ainda não vemos luz.”

Son, de 65 anos, detém 17,25% de um veículo criado sob o Vision Fund 2 do SoftBank para participações não listadas, bem como 17,25% de uma unidade de seu fundo na América Latina, o LatAm Fund, que também investe em startups. Ele tem participação de 33% na SB Northstar, que negocia ações e derivativos.

O valor que Son deve ao SoftBank por sua participação no Vision Fund 2 e no fundo Latam aumentou em cerca de US$ 750 milhões no último trimestre, segundo cálculos da Bloomberg News, confirmados pelo SoftBank.

As participações de Son no Vision Fund 2 e no LatAm Fund foram estruturadas para que o bilionário não pagasse à vista por suas participações de 17,25%. Ele é obrigado a pagar 3% sobre o “valor de aquisição de patrimônio não pago” até o reembolso e juros que foram incluídos em seu passivo.

Não há prazo para reembolso e o valor das posições de Son pode melhorar no futuro. Na SB Northstar, Son já depositou algum dinheiro e outros ativos. O fundador pagaria sua parte de quaisquer “obrigações de reembolso não financiadas” no final da vida do fundo, que é de 12 anos com uma extensão de dois anos.

Son depositou 8,9 milhões de ações próprias como garantia para o Vision Fund 2 e outras 2,2 milhões de ações como garantia para o fundo Latam, informou de acordo com as divulgações da empresa.

O patrimônio líquido de Son ficou em US$ 12,7 bilhões após o fechamento de quinta-feira (17), depois de ajustar as suas participações no Vision Fund 2 e no Latin America Fund (LatAm Fund), de acordo com cálculos do Bloomberg Billionaires Index.

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As ações do SoftBank fecharam em queda de 3,86% na sexta-feira (18), depois de terem disparado para o maior nível em um ano na semana passada. Os papéis subiram 12% desde o início de 2022.

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