Por que o mercado avalia que a Opep+ deveria conter a queda do petróleo

Cotação do petróleo caiu 31% desde o início de agosto devido a temores sobre a economia global, e é negociado perto de US$ 85 o barril em Londres

Petróleo
Por Grant Smith, Yongchang Chin e Jake Lloyd-Smith
27 de Setembro, 2022 | 01:56 PM

Bloomberg — A coalizão Opep+ enfrenta uma crescente pressão para estancar a queda do preço do petróleo, cortando ainda mais a produção.

O banco suíço UBS disse nesta terça-feira (27) que a Arábia Saudita e seus parceiros devem reduzir ainda mais a produção, juntando-se a um coro de vozes da indústria que inclui o JPMorgan Chase e o analista veterano Gary Ross.

Os preços do petróleo caíram 31% desde o início de agosto devido a temores sobre a economia global, sendo negociado perto de US$ 85 o barril em Londres. As perdas comprometem a espetacular receita da qual os sauditas e seus parceiros da Opep desfrutaram este ano.

No início deste mês, a aliança Opep+ de 23 países liderada por Riad anunciou um corte simbólico na produção para mostrar sua prontidão para estabilizar os mercados de petróleo e se reunirá em 5 de outubro para decidir seu próximo passo. O ministro da Energia saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, prometeu permanecer “preventivo e proativo”. O ministro do Petróleo da Nigéria, Timipre Sylva, disse na semana passada que o grupo pode ser “forçado” a fazer cortes adicionais se os preços do petróleo continuarem caindo.

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“Acho que a Opep terá que fazer algo em algum momento para reduzir a oferta e aumentar os preços”, disse Ross, executivo-chefe da Black Gold Investors e observador de longa data do grupo, falando em uma conferência em Cingapura na segunda-feira (26).

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros precisarão reduzir a produção em pelo menos 500 mil barris por dia, segundo Ross e o banco de investimento suíço UBS. Para manter os preços próximos a US$ 90 o barril, a aliança pode precisar cortar 1 milhão de barris por dia, disse Ross.

O chefe global de energia do JP Morgan, Christyan Malek, disse no início deste mês que um corte de até 1 milhão de barris pode ser necessário para “conter o impulso de queda nos preços”.

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A Arábia Saudita e outros membros da Opep+ insistem não ter uma meta de preço, mas vão intervir para corrigir desequilíbrios no mercado global. Delegados da coalizão dizem de forma reservada que ainda estão avaliando suas opções.

Em sua última reunião em 5 de setembro, o grupo concordou com uma redução simbólica de 100 mil barris por dia, a partir de 1º de outubro. O corte ocorre apesar dos apelos das nações consumidoras para ajudar a domar a inflação desenfreada. Com os preços da gasolina recuando nos EUA, parte dessa pressão externa pode estar diminuindo.

“Para fornecer um piso mais forte aos preços, a Arábia Saudita precisaria fazer cortes extras voluntariamente”, escreveram os estrategistas do UBS Giovanni Staunovo e Wayne Gordon. “A falta de ação do grupo para remover os barris do mercado provavelmente estimulará ainda mais a pressão negativa.”

— Com ajuda de Salma El Wardany, Sharon Cho e Julia Fanzeres.

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