Fitch aponta cenário desafiador para empresas brasileiras depois da eleição

Agência de risco de crédito afirma que melhora dos indicadores econômicos tem reflexo positivo no ambiente de negócios, mas destaca que há muitas incertezas

Agência de classificação de risco de crédito aponta perspectivas para emissores do país
27 de Setembro, 2022 | 09:05 AM

Bloomberg Línea — As empresas brasileiras monitoradas pela agência de classificação de risco de crédito Fitch Rating estão preparadas para enfrentar o cenário de volatilidade causado pelas eleições. Mas a iminente recessão global e as incertezas macroeconômicas internas serão desafios para as empresas brasileiras e para o presidente que vencer as eleições em outubro.

Segundo relatório divulgado pela agência nesta segunda-feira (26), o baixo crescimento econômico, a inflação e as altas taxas de juros, o alto endividamento das famílias e o ambiente fiscal “desafiador” estão “prejudicando o ambiente operacional”.

“A capacidade do novo presidente de tratar desses fatores-chave será fundamental. Incertezas macroeconômicas consideráveis, internas e externas, vão desafiar as condições de negócios para as empresas brasileiras em 2023″, diz o relatório.

O documento diz que a maioria das empresas monitoradas pela Fitch tem balanços financeiros “saudáveis” amparados por alavancagem baixa ou moderada e risco de refinanciamento tolerável.

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A agência espera que a desaceleração da inflação no segundo semestre deste ano e do início do ano que vem possa atenuar a pressão da alta dos preços vista no primeiro semestre e permitir uma lenta recuperação das margens operacionais.

Entretanto o risco de recessão global pode impactar as exportações brasileiras, que correspondem a 17% do PIB, segundo a Fitch. O relatório aponta que, diante do histórico de “intensa volatilidade macroeconômica”, muitas empresas emissoras de dívidas têm apresentado balanços com saldos de caixa elevados para enfrentar riscos de curto prazo.

A agência avalia que o risco de refinanciamento é administrável para a maioria, com menos de 20% com menos caixa do que a dívida de curto prazo. Entretanto, diz a Fitch, as empresas que refinanciaram suas dívidas antes do período eleitoral se beneficiaram da ampla oferta de crédito, que foi peculiar ao ciclo eleitoral deste ano.

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“A melhora de curto prazo nos indicadores de atividade econômica e empresarial é positiva, mas o ambiente de negócios permanece incerto para 2023. O ambiente de taxas de juros e inflação no próximo ano ditará a direção da demanda e rentabilidade para os emissores. Liquidez saudável, disponibilidade de crédito e perfis gerenciáveis de amortização da dívida atuam como fatores-chave que sustentam os ratings”, diz, em nota, Ricardo Carvalho, diretor executivo da Fitch.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.