Ibovespa cai na contramão de Wall Street, em dia de baixa do petróleo

Commodity caiu mais de 6% nesta segunda-feira, com avanço da covid na China e as novas medidas de restrição no país

Mercados operaram mistos nesta segunda, em dia de forte baixa para o petróleo
28 de Março, 2022 | 05:30 PM

Bloomberg Línea — Seguindo a maior cautela no exterior e em meio à queda no preço do petróleo, o Ibovespa (IBOV) encerrou o pregão desta segunda-feira (28) em queda de 0,3%, aos 118.737 pontos.

As atenções recaíram sobre projeções mais altistas para a inflação no Brasil, bem como sobre as preocupações de que a alta dos preços possa frear o crescimento da atividade econômica global.

Na Bolsa, o dia foi de baixa para empresas de commodities, em especial aquelas ligadas ao petróleo. Foi o caso da blue chip Petrobras (PETR3; PETR4), que tem grande peso no índice e recuou 2,63% (ON) e 2,17% (PN), com os papéis negociados a R$ 34,08 e R$ 31,60, respectivamente.

  • O petróleo caiu mais de 6% nesta segunda, com o WTI negociado por volta dos US$ 106 o barril e o tipo Brent, próximo dos US$ 109. A queda ocorreu em meio ao aumento no número de casos de covid na China, aumentando a preocupação com a demanda no maior importador de petróleo do mundo.

Ainda no radar de Petrobras, segundo a revista Veja e o jornal O Globo, o presidente Jair Bolsonaro decidiu retirar Joaquim Silva e Luna da presidência da estatal. De acordo com as publicações, a demissão vinha sendo pedida por membros do governo por conta das consecutivas altas dos preços dos combustíveis.

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Joaquim Silva e Luna assumiu a Petrobras há cerca de um ano, após a demissão de Roberto Castello Branco – que se deu pelo mesmo motivo.

Também cederam na B3 os papéis de Locaweb (LWSA3), com baixa de 4,57%, aos R$ 9,60, e Banco Pan (BPAN4), com queda de 3,30%, a R$ 10,26.

Do lado dos ganhos, as maiores altas do Ibovespa partiam das ações de Marfrig (MRFG3), que subiram 4,02%, a R$ 20,98, e Minerva (BEEF3), com ganhos de 3,66%, aos R$ 12,17.

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Por aqui, o relatório Focus, do Banco Central, mostrou uma nova elevação nas estimativas para o IPCA este ano, pela 11ª semana consecutiva, desta vez, de 6,59% para 6,86%. As projeções para a inflação em 2023 também subiram, pela terceira semana, de 3,75% para 3,80%.

Em meio à forte pressão inflacionária, o mercado financeiro já estima uma taxa de juros de 13% ao ano em dezembro, em linha com o projetado na semana passada.

As atenções seguiram voltadas ainda para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, à espera de sinalizações sobre os próximos passos da política monetária e sobre o fim do ciclo de alta da Selic.

Ainda no radar, esteve a confirmação da greve dos servidores do Banco Central por tempo indeterminado, a partir de 1º de abril.

Confira como fecharam os mercados nesta segunda-feira (28):

  • O Ibovespa recuou 0,29%, aos 118.737 pontos;
  • Após oito dias seguidos em queda, o dólar teve alta nesta segunda. A divisa avançou 1,3%, negociada aos R$ 4,80;
  • Entre os juros futuros, o DI com prazo em 2025 recuou quatro pontos-base, a 11,39%;
  • Por volta das 17h30 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) subia cerca de 3%, negociado aos US$ 47.537;

Wall Street fecha em alta

Nos Estados Unidos, as bolsas, que operaram entre perdas e ganhos ao longo do dia, viraram para alta no fim do pregão, em uma sessão volátil e de cautela, com investidores pesando os riscos para a recuperação econômica da inflação e o aperto da política monetária.

O S&P 500 subiu 0,7%, com os ganhos das ações de megacapitalização compensando as quedas nos setores de energia e financeiro. Já o avanço na Nasdaq 100, pesada em tecnologia, superou os 1%.

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Os mercados permaneceram sensíveis às manchetes sobre a guerra na Ucrânia nesta segunda, principalmente após um relatório de que vários negociadores de paz sofreram sintomas de suspeita de envenenamento após uma reunião em Kiev no início deste mês.

  • Nos EUA, o Dow Jones avançou 0,27%, o S&P subiu 0,71%, enquanto o índice da Nasdaq teve alta de 1,31%;
  • Na Europa, o movimento foi misto: o Dax, da Alemanha, subiu 0,78%, enquanto o FTSE, do Reino Unido, recuou 0,14%;

Um número crescente de gestores de patrimônio tem apostado que os índices de ações já precificaram em grande parte os movimentos de baixa dos títulos, enquanto estrategistas de ações do Goldman Sachs ao JPMorgan asseguram aos investidores que ainda não há necessidade de se preocupar com a curva de rendimento do Tesouro dos EUA.

Ainda assim, a guerra na Ucrânia continua a interromper o fornecimento de commodities-chave, alimentando os riscos de inflação e as expectativas de um aperto mais agressivo do Federal Reserve.

(Com informações da Bloomberg News)

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.