Analistas veem Selic em 13% e mais inflação até o fim do ano

Diretoria da autarquia sinalizou mais um aumento de 100 pontos base no próximo mês de maio

Analistas vem Selic em 13% até o final do ano
Por Maria Eloisa Capurro
21 de Março, 2022 | 03:32 PM

Bloomberg — Analistas elevaram as estimativas para taxa de juros em 2022 pela segunda semana consecutiva depois que o Banco Central brasileiro indicou outro grande aumento no custo dos empréstimos em maio e sinalizou chances de um ciclo de aperto ainda mais longo.

A Selic pode atingir 13% no final do ano, acima da estimativa anterior de 12,75%, segundo o Boletim Focus, pesquisa semanal da autarquia publicada nesta segunda-feira (21). Os analistas também aumentaram suas estimativas do custo de empréstimos no final do ano de 2023 para 9% ante 8,75% na última estimativa.

Os dados foram publicados com uma hora e meia de atraso, o que foi atribuído, de acordo com o sindicato dos trabalhadores do BC, às paralisações recentes num esforço coletivo por salários mais altos. A assessoria de imprensa do Banco Central se recusou a comentar sobre o atraso.

Analistas veem a taxa básica de juros do Brasil em 13% até o final de 2022 dfd

Os formuladores de políticas econômicas liderados por Roberto Campos Neto elevaram as taxas para 11,75% na semana passada, em um ciclo de aperto que já acumulou 975 pontos base desde março de 2021.

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Com as projeções de inflação persistindo acima da meta, a diretoria da autarquia sinalizou mais um aumento de 100 pontos base no próximo mês de maio. Eles também destacaram a necessidade de “serenidade” para avaliar os choques de preços ao consumidor decorrentes do aumento dos custos do petróleo.

A maior economia da América Latina tem enfrentado novos choques de energia depois que a Petrobras aumentou os preços do diesel e da gasolina. O Congresso Nacional chegou a aprovar regras para frear o movimento de alta, e o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou uma série de medidas para impulsionar a atividade econômica, que provavelmente aumentará apenas 0,5% este ano.

“Essas medidas não teriam custo fiscal e poderiam impactar positivamente a demanda, marginalmente”, escreveram analistas, incluindo Ernesto Revilla, economista-chefe para a América Latina do Citigroup Inc., em nota. Eles esperam, no entanto, uma inflação mais alta com as medidas e “um desconforto com a postura da política monetária”.

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Os analistas do banco veem os aumentos de preços ao consumidor em 2022 em 6,59% e em 3,75% em 2023, enquanto o BC enxerga o aumento em 3,5% este ano e 3,25% no próximo, respectivamente.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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