Ásia sustenta recuperação, mas futuros de NY caem em meio a receio com Ucrânia

Investidores analisam implicações econômicas e de política monetária do conflito na Ucrânia e das sanções à Rússia

Ásia sustenta recuperação, mas futuros de NY caem em meio a receio com Ucrânia
Por Andreea Papuc
24 de Fevereiro, 2022 | 10:36 PM

Bloomberg — Os mercados de ações subiram na Ásia nesta sexta-feira, enquanto os futuros de ações dos EUA recuaram com os investidores analisando as implicações econômicas e de política monetária do conflito na Ucrânia e das sanções ocidentais à Rússia.

As ações subiram no Japão, Coreia do Sul e Austrália. Os contratos dos EUA caíram após uma sessão agitada de Wall Street na quinta-feira que deixou o S&P 500 (SPX) com um ganho de 1,5% e o Nasdaq 100 (NDX), que caiu brevemente em território de recuperação, com alta de 3,4%.

O presidente Joe Biden impôs penalidades mais duras à Rússia, cujas forças se aproximaram da capital da Ucrânia, Kiev, em uma das piores crises de segurança da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

As sanções incluíram ações contra cinco grandes bancos russos para impedir seu acesso a moeda estrangeira. As medidas não chegaram a impedir o país da rede internacional de pagamentos Swift, no entanto, e pouparam o fornecimento de petróleo russo.

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O petróleo avançou, mas permaneceu pouco acima de US$ 100 o barril atingido logo após a ação militar da Rússia. Os EUA disseram que estão trabalhando com os principais países consumidores para coordenar as liberações de reservas estratégicas.

Os títulos do Tesouro dos EUA tiveram comportamento misto, com o rendimento de 10 anos (GT10) avançando. Os títulos da Austrália e da Nova Zelândia também caíram. Uma persistente oferta de proteção em títulos de dívida soberana está sendo encampada por preocupações com a inflação e o aperto nas configurações monetárias. O dólar permaneceu estável em relação aos pares globais. O ouro caiu de um pico de 17 meses, mas permanece acima de US$ 1.900 a onça.

Inflação e crescimento

Os investidores estão considerando os possíveis choques na inflação e no crescimento para a economia global decorrentes do conflito e das sanções que se seguiram. A Rússia e a Ucrânia são grandes exportadores de grãos, enquanto a Rússia também é rica em energia e metais. As interrupções podem alimentar as já altas pressões de preços no momento em que o Federal Reserve se prepara para apertar a política monetária.

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O anúncio de Biden deixou os mercados “olhando para algumas sanções adicionais sendo adicionadas, mas certamente não tão ruins quanto poderiam ter sido”, disse Emily Weis, macroestrategista da State Street Corp., à Bloomberg Television. Isso contribuiu para o “rally” de Wall Street, acrescentou.

Autoridades do Federal Reserve sinalizaram que continuam no caminho certo para aumentar as taxas de juros no próximo mês, apesar da incerteza geopolítica.

Entre eles, estava a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, que disse que “salvo uma reviravolta inesperada na economia, acredito que será apropriado aumentar a taxa de fundos em março e seguir com novos aumentos nos próximos meses”.

Operadores do mercado monetário reduziram ligeiramente suas expectativas para aumentos do banco central este ano, mas ainda veem o Fed implementando cerca de seis aumentos de 0,25 ponto percentual.

Enquanto isso, autoridades do Banco Central Europeu disseram que as repercussões da invasão da Ucrânia pela Rússia podem atrasar, mas não impedir, a retirada do estímulo em 2022.

“Como o Fed vai reagir a esse risco geopolítico?”, questionou Frances Stacy, diretora de estratégia da Optimal Capital Advisors, à Bloomberg Television. “É aí que estamos vendo picos, onde começamos a tentar reavaliar as especulações em torno disso.”

Os ativos russos caíram na quinta-feira, estimulando uma ação de emergência do banco central do país. Quase US$ 200 bilhões em valor de mercado de empresas foram eliminados e cerca de um terço do valor da dívida soberana.

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Aqui estão alguns eventos para assistir esta semana:

  • EUA: Renda do consumidor, bens duráveis, deflator do PCE, sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sexta-feira

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • Os futuros de S&P 500 (ESH2) tinham baixa de 0,3% às 10h30 em Tóquio (22h30 em Brasília). Na quinta, o S&P 500 subiu 1,5%;
  • Os futuros do Nasdaq 100 (NQH2) tinham baixa de 0,5%. O Nasdaq 100 subiu 3,4%;
  • O índice Topix (TOPIX), de Tóquio, subia 0,6%;
  • O S&P/ASX 200 da Austrália (AS51) subia 0,33%;
  • O índice Kospi (KOSPI), de Seul, tinha alta 1,1%;

Moedas

  • O iene japonês (JPY) era negociado a 115,55 por dólar;
  • O yuan offshore (CNH) estava em 6,3222 por dólar;
  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subia 0,1%;
  • O euro (EUR) estava em US$ 1,1191;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subia um ponto base para 1,97%;
  • O rendimento de 10 anos da Austrália tinha alta de dez pontos base para 2,25%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subia 1,8% para US$ 94,45 o barril;
  • O ouro era negociado a US$ 1.907,22 a onça, com alta de 0,2%.

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