:quality(75)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/bloomberglinea/XO3FELNE4RHILHUAV36SA44YWA.jpg "Chen foi acusado de “insultar a China” devido a uma entrevista antes dos jogos em que falou sobre o histórico de desrespeito aos direitos humanos do país")
Bloomberg — O medalhista de ouro olímpico Nathan Chen é um exemplo de como ser sino-americano pode ser uma faca de dois gumes hoje na China.
O jovem de 22 anos levou conquistou o pódio na quinta-feira (9) nos Jogos Olímpicos de Inverno na patinação artística masculina. Mas o desempenho recorde, que selou a reputação de Chen como o melhor patinador skatista do mundo, promoveu mais punição nas mídias sociais chinesas do que euforia.
Uma hashtag discutindo a vitória de Chen foi a segunda maior tendência na plataforma Weibo, semelhante ao Twitter, logo após sua vitória. Muitos dos comentários, no entanto, foram negativos, incluindo alguns usuários que criticaram seu desempenho como medíocre e “parecido com um macaco”, enquanto outros o chamavam de “banana”, um termo pejorativo usado para descrever pessoas de ascendência chinesa que são ocidentalizadas.
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Outros ataques assumiram um tom mais nacionalista – Chen foi acusado de “insultar a China” devido a uma entrevista antes dos jogos em que falou sobre o histórico de desrespeito aos direitos humanos do país e dizer que as Olimpíadas estavam “trazendo isso à tona”. Outros o criticaram por usar música em uma performance de 2018 do filme “Mao’s Last Dancer”, que conta a história de uma chinesa dissidente que fugiu para os EUA.
Enquanto isso, no relatório em chinês do evento pela agência de notícias estatal Xinhua, a vitória de Chen recebeu apenas duas breves menções, enquanto a manchete destacou o desempenho do japonês Yuzuru Hanyu – um grande favorito dos fãs na China – e do chinês Jin Boyang. Hanyu terminou em quarto enquanto Jin ficou em nono.
As Olimpíadas deste ano destacaram a atmosfera cada vez mais tensa que os atletas americanos de herança chinesa devem navegar na China, em um cenário de tensões borbulhantes entre os países e um país cada vez mais assertivo. Por outro lado, quando Pequim sediou os jogos de verão em 2008, os atletas sino-americanos foram mais bem recebidos e até vistos como embaixadores que poderiam ajudar a atuar como pontes entre os dois países.
Essa acolhida é menos certa hoje. Uma atleta sino-americana que é muito popular na China é Eileen Gu, a esquiadora de estilo livre nascida nos EUA que decidiu competir pela China nestas Olimpíadas e que está a caminho de ganhar três medalhas de ouro nos jogos. No entanto, a patinadora Zhu Yi, que também nasceu nos EUA, mas escolheu competir pela China, tornou-se alvo de xingamentos online depois de cair várias vezes na competição.
Em uma entrevista coletiva após sua vitória, Chen, cujos pais imigraram da China para os EUA, disse que ainda tem muitos parentes e laços estreitos com o país. Quando perguntado sobre seus sentimentos sobre as críticas online dirigidas a atletas sino-americanos, ele disse que ficou fora das redes sociais nos últimos dias.
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--Com a colaboração de Li Liu, Claire Che e Lisa Du
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