Sem alerta de risco, Europa flexibiliza medidas contra a pandemia

Vírus continua a se espalhar rapidamente pelo continente, com mais de 2,4 milhões de casos nos últimos dois dias

Europa se divide na suspensão de restrições
Por Kati Pohjanpalo - Chiara Albanese - Corinne Gretler
02 de Fevereiro, 2022 | 01:56 PM

Bloomberg — A Europa está acelerando as medidas para reverter as restrições ao coronavírus, já que os esforços para controlar a variante ômicron de rápida disseminação foram em grande parte inúteis.

Sob pressão de um público cansado da pandemia, os políticos de toda a região estão considerando muitas medidas de saúde pública cada vez mais desnecessárias. Itália, Suíça e Finlândia devem se juntar à Dinamarca, Irlanda e França para aliviar a maior parte das restrições à vida pública. A Noruega também afrouxou a maioria das regras.

Enquanto o vírus continua a se espalhar rapidamente pelo continente – com mais de 2,4 milhões de casos nos últimos dois dias – o nível de alerta caiu. Os sistemas de saúde estão se mostrando resilientes porque a ômicron causa sintomas mais leves e a maioria das pessoas está protegida por vacinas.

A Alemanha é um dos poucos países fora da curva. A maior economia da Europa mostrou pouca inclinação para afrouxar as medidas que impedem pessoas não vacinadas de irem a restaurantes, cinemas e lojas não essenciais. O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, epidemiologista formado em Harvard, alertou que os casos não atingirão o pico até meados de fevereiro.

PUBLICIDADE

O clima é diferente em outras partes da Europa, onde as taxas de hospitalização, de estáveis a decrescentes, são vistas como um convite para flexibilizar as regras da pandemia.

“Devemos discutir se é hora de adotarmos um ponto de vista diferente e começar a diminuir as restrições, mesmo com um grande número de infecções”, disse a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, a repórteres antes das negociações em Helsinque para discutir o ritmo de suspensão das restrições. “Espero que possamos nos livrar das restrições em fevereiro.”

Na reunião, o governo decidiu suspender todos os limites para reuniões e diminuir as restrições a restaurantes e bares em 14 de fevereiro, mantendo as casas noturnas fechadas até 1º de março, disse Marin a repórteres. As decisões liberam espaços e eventos culturais, bem como esportes para funcionar normalmente.

PUBLICIDADE

“Síndrome de lemingue”

Apesar das medidas, especialistas em saúde pública alertam que o risco da covid-19 não acabou e que variantes mais prejudiciais ainda podem surgir, deixando as pessoas expostas à doença sem as devidas precauções. A Organização Mundial da Saúde pediu aos governos que relaxem gradualmente as medidas, sempre que possível, e continuem recomendando o distanciamento social e o uso de máscaras para evitar um ressurgimento.

“Meu maior medo no momento é que os países tenham uma síndrome de lemingue agora”, disse Mike Ryan, chefe do programa de emergências de saúde da OMS, em uma coletiva de imprensa. Embora alguns países possam de fato ter margem de manobra para adaptar medidas, “outros podem escolher isso porque há pressão política”, acrescentou.

A Suíça deve anunciar na quarta-feira (2) planos para começar a flexibilizar as medidas. Hospitalizações e mortes pelo vírus permaneceram estáveis, mesmo com o número de casos subindo.

O governo suíço pode agir para eliminar a obrigação de teletrabalho e reduzir ou eliminar os períodos de quarentena para aqueles que entram em contato com pessoas infectadas. Também está de olho em uma eventual suspensão da necessidade de um passe covid comprovando vacinação ou recuperação para visitar restaurantes.

Na Itália, o governo do primeiro-ministro Mario Draghi se reunirá na quarta-feira (2) para discutir como diminuir as restrições em meio a uma queda lenta, mas constante, nos casos diários.

O governo se concentrará em simplificar as regras de quarentena para escolas e crianças, que atualmente enfrentam até 10 dias de isolamento em caso de teste positivo, segundo fontes a par do assunto. Uma reunião do gabinete, mais tarde em Roma, deve reduzir o tempo de isolamento para cinco dias para crianças vacinadas, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas antes da decisão.

Zonas vermelhas belgas, multas austríacas

O governo lituano planeja aliviar as restrições ao coronavírus e eliminará totalmente a exigência de apresentar um certificado de vacinação em áreas públicas, como restaurantes e eventos esportivos. O país báltico também não exigirá que trabalhadores não vacinados sejam submetidos a testes semanais obrigatórios.

PUBLICIDADE

As regras mais flexíveis da França entraram em vigor na quarta-feira (2), encerrando as regras obrigatórias de trabalho em casa, eliminando os requisitos de máscaras ao ar livre e elevando os limites de presença em estádios e teatros.

Na Noruega, os limites de convidados em reuniões privadas, a restrição à venda de álcool em bares e restaurantes e os testes após a chegada à fronteira foram suspensos, pois o país aposta que as altas taxas de vacinação serão suficientes para proteger o sistema de saúde de sobrecarga.

Como a Alemanha, a Bélgica continua a ser uma exceção, com a maior parte do país na chamada zona vermelha, que inclui teletrabalho obrigatório e limites para restaurantes e bares. A mídia belga prevê que as taxas de hospitalização caiam o suficiente a ponto de permitir uma flexibilização ainda este mês.

Enquanto isso, a Áustria ainda continuará com uma política de multar as pessoas que não desejam tomar uma vacina, embora os limites de acesso a lojas, hotéis e restaurantes sejam gradualmente eliminados durante fevereiro.

PUBLICIDADE

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também