Fed dá largada ao maior aperto da política monetária em décadas

Expectativa é que meia dúzia de outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, subam juros

Fed deu a largada para um processo global de aperto monetário que pode ser o maior e mais rápido em anos
Por Philip Aldrick
27 de Janeiro, 2022 | 03:09 PM

Bloomberg — O presidente do banco central dos EUA deu a largada para um processo global de aperto monetário que pode ser o maior e mais rápido em anos.

A mudança de Jerome Powell para uma postura mais agressiva à frente do Federal Reserve incluiu não descartar aumentos na taxa básica de juros em todas as reuniões até o final de 2022. Ao longo da próxima semana, a expectativa é que meia dúzia de outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, subam juros. E mais instituições sinalizaram que vão seguir nessa direção nos próximos meses.

Os comentários de Powell alertaram investidores de que o conforto proporcionado pelo banco central realmente será removido desta vez. Mesmo com a volatilidade no mercado acionário, a alta dos rendimentos dos títulos e temores de que a elevação do custo dos empréstimos atrapalhe o crescimento econômico, o comandante do Fed não titubeou.

Com os guardiões da política monetária revelando abertamente o tamanho de suas preocupações com a inflação, está traçado um caminho de medidas agressivas.

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“Esse ciclo de aperto será diferente”, disse Dario Perkins, economista da TS Lombard em Londres. “As autoridades podem subir juros muito mais rápido desta vez.”

O último ciclo de escala global aconteceu pouco antes da crise financeira de 2008. O atual já começa com as economias funcionando em plena capacidade e os índices de inflação muito acima das metas – formando a perspectiva para execução do mais rápido ciclo global de alta de juros desde a década de 1990, segundo Perkins.

Maior inflação em 30 anos

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Com os índices de preços nos maiores níveis em 30 anos nos EUA e no Reino Unido, os mercados esperam que o Fed eleve os juros cinco vezes este ano e que o Banco da Inglaterra anuncie quatro acréscimos. A expectativa é que a instituição britânica anuncie o segundo aumento consecutivo na taxa básica — para 0,5% — na semana que vem.

Esse patamar de juros também abre as portas para o início da reversão da flexibilização quantitativa, que representa outra camada de aperto nas políticas governamentais.

No BNP Paribas, o economista-chefe global, Luigi Speranza, também acha que “desta vez é diferente”. Ele agora prevê seis aumentos de juros nos EUA neste ano.

A tendência é observada em toda parte. No Canadá, o comandante do banco central, Tiff Macklem, sinalizou na quarta-feira que elevará os juros em março e os mercados precificam aumentos adicionais em seguida.

A África do Sul subiu o custo dos empréstimos na quinta-feira e a Hungria também aumentou os juros. Cingapura anunciou um aperto inesperado nesta semana e o Chile implementou a maior alta de juros desde 2001. A Austrália deve abandonar o programa de compra de títulos na próxima terça-feira e pode subir os juros já em maio.

A movimentação global na direção de um aperto intensifica a pressão sobre o Banco Central Europeu, que continua sendo exceção e dificilmente subirá os juros antes de 2023. A China também nada contra a corrente e baixa juros para sustentar o crescimento econômico.

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