Investidores-anjo planejam SPAC raro visando startups africanas

Veículo visa preencher lacuna para fornecer recursos para startups que precisem de capital

De olho nas empresas de tecnologia do continente
Por Samuel Gebre
19 de Janeiro, 2022 | 05:58 PM

Bloomberg — Dois investidores, que tiveram retornos cinco vezes maiores financiando startups africanas desde 2017, disseram que planejam listar uma empresa de cheque em branco, ou SPAC, visando empresas de tecnologia do continente.

O banqueiro de investimentos Vishal Agarwal e o advogado corporativo Raj Kulasingam esperam reproduzir o sucesso que tiveram como investidores na Swvl, um serviço egípcio de ônibus, agora com sede em Dubai, que está se fundindo com a Queen’s Gambit Growth Capital, uma empresa de cheques em branco. Uma SPAC com foco na África preencheria uma lacuna no sentido de fornecer fundos para startups que precisem de capital para se expandir rapidamente, segundo Agarwal.

“Como há mais interesse na África, queremos oferecer aos fundadores uma rota para o mercado”, disse Agarwal, que trabalhou anteriormente para a PwC e a General Electric, em uma entrevista de Nairóbi. “Uma SPAC dá uma aceleração aos nossos fundadores e, em geral, é uma coisa boa para o ecossistema.”

Agarwal não deu mais detalhes sobre o plano de listagem da SPAC. A dupla investiu em mais de 50 startups, bem como na Acuity Ventures, um fundo de capital de risco em estágio inicial, que tinha participações na Flutterwave e na Paystack antes das empresas atingirem o status de unicórnio.

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Houve mais de 500 acordos em estágio inicial na África no ano passado - a maioria avaliada em menos de US$ 5 milhões cada - preparando o terreno para um salto na demanda por novo capital, de acordo com a empresa de pesquisas Briter Bridges. As startups de tecnologia africanas levantaram um recorde de US$ 5 bilhões em financiamento no ano passado, com investidores baseados nos Estados Unidos dominando o espaço.

Ainda assim, menos de 1% das quase 600 SPACs listadas em Nova York em busca de negócios visam especificamente a África, segundo o provedor de dados SPAC Research. A FIM Partners, gestora de ativos de mercados emergentes apoiada pelo banco de investimento egípcio EFG Hermes, levantou US$ 200 milhões em julho para uma empresa de cheques em branco que visa empresas digitais em mercados de alto crescimento no Oriente Médio, África e Ásia.

Algumas SPACs com foco na África:

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  • A empresa de private equity TowerBrook Capital Partners levantou US$ 200 milhões via IPO, em março, para um SPAC investir em uma empresa africana que promove os princípios ESG
  • A PHP Ventures Acquisition, do negociante com sede na Malásia, Marcus Ngoh, quer comprar uma empresa voltada para o consumidor na África
  • Rob Hersov, neto do empresário sul-africano de mineração que fundou a AngloVaal, lançou uma empresa de cheques em branco focada em um negócio de ouro africano

O maior sucesso de Agarwal e Kulasingam foi seu investimento no Kuda Bank, da Kuda Technologies, um credor nigeriano que até agora levantou US$ 55 milhões, avaliando-o em cerca de US$ 500 milhões. A dupla apoiou o Kuda Bank com US$ 600.000 e saiu com ganho de 14,5 vezes em 20 meses.

“Quando fazemos negócios, somos influenciados não apenas pela possibilidade de entrar pelo preço certo, mas também por poder sair”, disse Agarwal. “Estamos muito conscientes disso, e nem sempre é fácil sair do negócio.”

Os países da África têm uma população jovem com experiência em tecnologia, mas o continente geralmente carece de infraestrutura financeira e dificuldades na etapa final de processos logísticos de bens e serviços. Essa é a lacuna que muitos investidores, incluindo Agarwal e Kulasingam, estão tentando preencher. A dupla planeja investir em cerca de 20 startups este ano - depois de concluir 33 transações no ano passado - e espera que cinco a seis empresas de seu portfólio existentes fechem as rodadas de financiamento da Série A, disse a dupla.

“Você não precisa de um aplicativo para passear com cães em Nairóbi”, disse Kulasingam. “Trata-se de mover o dinheiro de um ponto a outro: como você leva remédios para as pessoas que precisam, quando o transporte é tão difícil?”

– Com a colaboração de Paul Abelsky.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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