B3 aposta em sete Fiagros listados até o fim de 2021

Expectativa da bolsa é que fundos ligados ao agronegócio possam atrair o interesse de pessoas físicas pelo benefício fiscal

Lançados em agosto, apenas 3 fundos de investimentos com foco no agronegócios estão com suas cotas em negociação na B3
29 de Novembro, 2021 | 07:06 PM

Bloomberg Línea — Desde agosto deste ano os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) estão liberados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para listagem e comercialização na B3. Em quase três meses, apenas três fundos tiveram suas listagens autorizadas e estão com suas cotas sendo negociadas na bolsa paulista, apesar de haver mais de 30 ofertas registradas para análise.

Com praticamente uma liberação por mês, a expectativa da B3 é que 2021 termine com pelo menos sete fundos listados. “Existem 20 fundos em processo de análise e listagem. Acreditamos que essa opção de investimento tem um bom apelo no varejo e pode atrair a Pessoa Física, já que o ticket de entrada é muito menor”, afirma Gabriela Shibata, gerente de produtos da B3.

O primeiro Fiagro a entrar em negociação foi o da Risa, com base em ativos imobiliários. Com uma captação de aproximadamente R$ 300 milhões, as cotas começaram a ser negociadas em meados de outubro a um valor de R$ 10. Há 10 dias, foi a vez da XP, que lançou o seu veículo de investimento, captando cerca de R$ 140 milhões e a cota sendo vendida a R$ 7,50. Apesar da diferença no valor inicial das cotas, a semelhança entre os dois está no fato de ambos priorizarem investimentos em ativos imobiliários.

Segundo Gabriela, a movimentação financeira dos dois fundos tem girado ao redor de R$ 1 milhão por dia. Para ela, o fato de ambos serem fundos imobiliários pode ser uma espécie de incentivo aos investidores Pessoa Física, por se assemelharem aos já conhecidos fundos imobiliários tradicionais.

PUBLICIDADE

Veja mais: CTC transfere plano de IPO para 2022

No caso do fundo da Risa, listado há mais tempo, os investidores Pessoa Física representam 87% do total, ficando as instituições financeiras com 7,3%, institucionais 0,5%, estrangeiros 0,3% e outros, como fundos de pensão, 4,9%. Com menos tempo de negociação, o Fiagro da XP tem 75% de pessoas físicas. Em termos comparativos, a média dos fundos imobiliários listados na B3 possuem 67,4% de investidores Pessoa Física.

“Apesar do pouco tempo em negociação, conseguimos identificar que a participação da pessoa física nos Fiagros listados é maior que nos fundos imobiliários. De fato, o prazo de negociação ainda é curto, mas o mercado agro se mostra promissor”, afirma Gabriela.

Hoje, a JGP anunciou o início da negociação do seu primeiro Fiagro, com captação de aproximadamente R$ 85 milhões para aplicação em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e em outros Fundos de Investimentos em Direito Creditórios (Fidc). “Nossa intenção é oferecer aos nossos clientes uma alternativa eficiente, rentável e responsável para investir no agrobusiness brasileiro. O setor do agronegócio está na linha de frente da questão ambiental brasileira e a gente tem o dever de decidir onde o capital vai chegar com uma visão sobre as externalidades, da geração de empregos, de impactos sociais e ambientais positivos”, disse Alexandre Muller, sócio e gestor dos fundos de crédito da JGP.

Leia também

Quando a sua carteira de fundos imobiliários vai parar de afundar?

Fundo da Adam, de Márcio Appel, encolhe 90% com fim da febre de multimercado

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.