B3 vai pagar R$ 1,5 bi pela Neoway para diversificar atuação

Aquisição bilionária ocorre em momento de maior competição no segmento de soluções de tecnologia para o mercado

B3 fecha compra da Neoway para entrar em novos segmentos de soluções de tecnologia para diferentes mercados
19 de Outubro, 2021 | 09:14 AM

São Paulo — A B3 vai pagar R$ 1,8 bilhão pela Neoway, empresa de tecnologia especializada em big data analytics e inteligência artificial para negócios. Esse é o preço de aquisição divulgado em fato relevante, nesta terça-feira (19). Os recursos serão provenientes do caixa livre da B3.

Veja mais: B3 deve fechar outubro com apenas uma nova listagem de companhia

O negócio acontece em um contexto de maior competição pelo mercado brasileiro de soluções de tecnologia para o mercado financeiro, com a B3 pressionada por players interessados em atuar em seu segmento. A aquisição da Neoway é vista como uma maneira de diversificar a atuação da B3, que terá condições de explorar novos nichos, como a oferta de produtos para área de crédito, prevenção a fraudes e inteligência jurídica.

No começo do segundo semestre, cresceram as apostas sobre o surgimento de um concorrente para a B3, após autorização concedida pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) à empresa Mark2Market para atuar como central depositária de títulos, um serviço que era exclusivo da B3.

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O assunto agitou os bastidores do mercado nos últimos meses e levou o Bradesco BBI a calcular o impacto que a concretização dessa hipótese teria nas receitas e lucros da companhia formada pela fusão da antiga Bovespa com a BM&F em 2008. O banco de investimentos estimou que, no pior cenário, o impacto negativo no lucro líquido seria de até 9%, enquanto na receita seria de até 6%. Em agosto, as ações da B3 reagiram e perderam valor.

Aval regulatório

A B3 submeterá a aquisição à aprovação da Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas, ainda não marcada. O negócio depende ainda de aprovação pela CVM e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

No último dia 15, a B3 já havia informado as tratativas para a compra da Neoway. Sem citar fontes, o jornal Valor Econômico citava que a B3 havia superado a oferta de R$ 1,5 bilhão apresentada pelos britânicos da Experian, dona da Serasa e que a oferta da B3 seria entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Acabou oficializando hoje o valor de R$ 1,8 bilhão.

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Nesta terça-feira, a B3 informou que a aquisição “trará capabilities de ciência de dados e analíticas complementares às da B3, contribuindo para aumentar a capilaridade de produtos de dados existentes e time-to-market de lançamentos futuros, além do fortalecimento da engenharia e modelagem de dados via capital intelectual e uma plataforma bem estabelecida”.

Inteligência artificial

A Neoway, fundada em 2002, é descrita como uma das maiores empresas de big data analytics e inteligência artificial para negócios da América Latina. Possui mais de 450 funcionários em três escritórios, mais de 500 clientes e tem uma receita líquida projetada de R$ 190 milhões para 2022, segundo o fato relevante.

Os produtos da companhia são voltados para a tomada de decisão em vendas e marketing, crédito, prevenção a fraudes, compliance e inteligência jurídica, entre outros, em cerca de 20 grandes setores, incluindo o financeiro, automotivo e transporte, bens de consumo, cobrança e recuperação, construção civil, óleo e gás, saúde e tecnologia.

“A gestão da Neoway acontecerá com grande independência para preservar sua flexibilidade e forte cultura de inovação”, diz a B3, acrescentando que a aquisição está em linha com sua estratégia de desenvolver produtos de dados e analytics para os mercados financeiro e de capitais, bem como de crédito e varejo, atentando tanto clientes financeiros quanto clientes de outros mercados.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.