No feriado, mercado externo tem dia de cautela com rali de energia e inflação

Movimento é de queda nas bolsas europeias e dos futuros de índice de NY; investidores aguardam balanços corporativos e dados sobre preços dos Estados Unidos e da China

riscos de que inflação afete o poder de compra, freie o crescimento econômico e mude a estratégia dos bancos centrais são contemplados nas análises
12 de Outubro, 2021 | 06:06 AM

Barcelona, Espanha — O mais recente rali dos preços das commodities de energia reconduziu a inflação ao topo das preocupações do mercado financeiro. A nova rodada de alta das matérias-primas torna cada vez menos provável o argumento dos bancos centrais de que a pressão sobre os preços é algo transitório.

Nos primeiros negócios desta manhã, o movimento era de baixa tanto nas bolsas europeias como nos mercados futuros de ações dos Estados Unidos. Ontem, o mercado assistiu a avanços significativos dos preços da energia. O petróleo fechou acima dos US$ 80 por barril pela primeira vez desde 2014, o cru tipo Brent superou os US$ 83, marca que não se via desde 2018. Ao mesmo tempo, os futuros de carvão chineses dispararam 8% e marcaram um recorde depois das inundações na província de Shanxi, que provocaram o fechamento 60 das 682 minas da região. Este ano, a região foi responsável por 30% do abastecimento de carvão à China, o que dá uma clara ideia de sua importância.

O único respiro veio do gás natural no mercado europeu, cujos preços recuaram 2,73% e acumulam uma perda superior a 47% desde a máxima intradia alcançada na última quarta-feira. As declarações do presidente russo Vladimir Putin na semana passada, de que o país poderia exportar volumes recordes do combustível para a Europa neste ano, proporcionaram este ajuste de preços.

Em tempo: ontem, o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, declarou em uma entrevista que um repique na remuneração dos trabalhadores, em resposta aos recentes aumentos de preços na União Europeia, não representaria um sinal de inflação persistentemente mais alta.

Portanto, a mensagem que ecoou no mercado foi a de que não justificaria uma mudança na política monetária da instituição. “Diferenciar entre mudanças transitórias e persistentes na taxa de crescimento dos salários” desempenhará um papel importante na avaliação do progresso da inflação subjacente. Mudanças pontuais no nível de salários “não implicam uma mudança de tendência no caminho da inflação subjacente”.

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Ler mais: Por que a inflação transitória global pode durar mais que o esperado?

E o que está no radar do mercado?

O mercado aguarda com ansiedade a divulgação, amanhã, do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos. Este dado ajudará os analistas a tirar suas conclusões sobre a necessidade ou não de uma política mais agressiva por parte dos bancos centrais mundiais.

As autoridades monetárias têm transmitido sua intenção de cessar seus programas de recompra de títulos no mercado e reiterado que as pressões inflacionárias são pontuais. Porém, os últimos avanços dos preços das commodities de energia – e a crise energética que se desponta ao redor do globo – deixam dúvidas sobre esta transitoriedade.

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Nesta semana temos:

  • Hoje o presidente do Fed em Atlanta, Raphael Bostic, fala sobre a inflação
  • Decisão política monetária e briefing do Banco da Coréia nesta terça-feira
  • O JPMorgan Chase & Co. inaugura amanhã a temporada de balanços financeiros
  • Também para amanhã: atas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) dos EUA, que podem dar pistas sobre a política monetária do Federal Reserve e sua estratégia de saída do programa de recompra de títulos.
  • Além da inflação ao consumidor, os EUA divulgam suas vendas ao varejo (sexta-feira)
  • Pedidos iniciais de desemprego nos EUA, PPI, previstos para quinta-feira
  • Índices de preços ao consumidor e ao produtor da China na quinta-feira

Lembrando que hoje é feriado bancário no Brasil.

Ler mais: Véspera de feriado e exterior negativo puxam Ibovespa para o vermelho

As bolsas na Europa se comportavam assim na manhã de hoje:

  • o Stoxx 600 Europe Index operava com 0,53% de baixa, aos 455 pontos às 11h CEST (6h no horário de Brasília)
  • o alemão DAX caía 0,68%, para 15.096 pontos
  • em Paris, o CAC 40 recuava 0,79%, para 6.518 pontos
  • o londrino FTSE 100 cedia 0,66%, aos 7.099 pontos
  • o IBEX 35 recuava 0,28%, aos 8.873 pontos

Futuros de ações nos EUA

  • o S&P 500 futuro caía 0,13% às 11h CEST (6h no horário de Brasília) para os 4.345 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones declinavam 0,13%, aos 34.333 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq declinavam 0,03%, para 14.696 pontos

Wall Street ontem

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Mercados asiáticos

Bolsas asiáticas terminam no vermelhodfd

Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo continuavam seu movimento de alta, com 0,24% de valorização às 11h CEST (6h no horário de Brasília), para US$ 80,73 por barril.

Moedas

  • o euro era negociado com alta de 0,06% a US$ 1,1562
  • o iene subia 0,05%, para US$ 113,39
  • a libra esterlina tinha 0,04% de alta, cotada a US$ 1,3598

Ouro

  • o ouro futuro subia 0,14%, para US$ 1.758 a onça troy

Cripto

  • o bitcoin subia 0,19%, para US$ 57,499 mil.

-- Com informações da Bloomberg News

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.