Volta da gripe no Hemisfério Norte deve moldar impacto da Covid-19

Medidas para frear a pandemia, como máscaras e ventilação, mantiveram a gripe sob controle durante o último ano e meio

Reino Unido começou a oferecer doses de reforço para pessoas com 50 anos ou mais e outros grupos vulneráveis no mês passado
Por Marthe Fourcade e Anne Pollak
01 de Outubro, 2021 | 11:54 AM

Bloomberg — Traçar o curso da pandemia durante os próximos meses no Hemisfério Norte pode envolver um visitante incômodo mais comum no inverno: a gripe.

Com a suspensão de restrições em países como Itália e Canadá, retomada de viagens e temperaturas mais baixas, a gripe provavelmente também começará a circular. Medidas para frear a Covid-19, como máscaras e ventilação, mantiveram a gripe sob controle durante o último ano e meio.

Esforços já estão em andamento para diminuir a possível pressão sobre sistemas de saúde que tratam ambas as doenças. Um estudo do Reino Unido divulgado na quinta-feira mostrou que é seguro tomar vacinas contra a Covid e contra a gripe ao mesmo tempo, o que pode ajudar a aumentar as taxas de imunização e reduzir as consultas enquanto o país aplica doses de reforço.

“Esta é uma preocupação real para autoridades”, disse Neil Ferguson, epidemiologista do Imperial College cujos modelos são usados pelo governo do Reino Unido. “É muito provável que continuemos a ver a circulação de níveis razoavelmente altos de Covid durante o inverno e, com a gripe sazonal, isso pode representar uma carga adicional significativa para os sistemas de saúde”, disse em conferência em Paris.

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Ferguson e outros presentes na reunião disseram que, com a vacinação em países ricos, as mortes por coronavírus não devem aumentar muito, mas a diminuição da proteção das vacinas e outros fatores ainda podem levar muitas pessoas aos hospitais. Ao mesmo tempo, a imunidade contra a gripe também pode ter diminuído entre a população em geral após dois invernos com poucos casos, de acordo com Arnaud Fontanet, epidemiologista que assessora o governo francês.

O Reino Unido começou a oferecer doses de reforço para pessoas com 50 anos ou mais e outros grupos vulneráveis no mês passado. Aplicar vacinas contra a gripe na mesma consulta seria mais conveniente para pacientes e serviços de saúde, disse Rajeka Lazarus, consultora em doenças infecciosas e microbiologia e investigadora-chefe do relatório do Reino Unido divulgado na quinta-feira.

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O estudo - envolvendo pesquisadores da Universidade de Bristol, Hospitais Universitários de Bristol e Weston NHS Foundation Trust - mostrou que os efeitos colaterais de tomar as vacinas ao mesmo tempo foram leves a moderados, sem impacto negativo na resposta imunológica de ambos os imunizantes.

A pesquisa envolveu 679 voluntários adultos em centros do Serviço Nacional de Saúde na Inglaterra e País de Gales que deveriam receber a segunda dose de vacinas da Pfizer-BioNTech ou AstraZeneca. Foram divididos aleatoriamente em dois grupos para receber diferentes combinações de imunizantes ou um placebo ao longo de duas visitas entre abril e junho. Os resultados ainda não foram revisados por pares.

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