Cana-de-açúcar ainda adoça os resultados dos ex-donos do açúcar União

Discreto, grupo Agroterenas registra faturamento de quase R$ 800 milhões e lucro líquido de R$ 185 milhões no ano fiscal 2020, encerrado em março de 2021

Grupo Agroterenos já atuou no processamento de cana-de-açúcar e foi dono da marca União. Hoje, foco da empresa está na produção agrícola e no fornecimento de matéria-prima para usinas parceiras
25 de Agosto, 2021 | 08:10 AM

São Paulo — Discrição sempre foi uma marca da família Rezende Barbosa, controladora do grupo Agroterenas. Ex-proprietários da Usina Nova América, dona da icônica marca de açúcar União, ambos vendidos à Cosan em 2009. Hoje o grupo se dedica a produzir cana-de-açúcar, que ainda abastece usinas da Raízen, em São Paulo e da Atvos, em Mato Grosso do Sul, além de grãos, laranja e suco de laranja concentrado em uma indústria do interior paulista. A marca União foi comprada pela Camil Alimentos da Cosan em 2012 por R$ 345 millhões.

Veja mais: Camil paga R$ 410 milhões por Santa Amália e entra no segmento de massas

A Agroterenas fechou o ano fiscal de 2020, encerrado em março de 2021, com uma receita de R$ 799,04 milhões. O resultado representa um crescimento de 13,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o faturamento do grupo foi de R$ 703,5 milhões. Na última linha do balanço, os resultados foram ainda mais expressivos. O grupo encerrou o ano com um lucro líquido de R$ 185,9 milhões, mais do que duas vezes maior que os R$ 85,1 milhões obtidos no ano anterior.

Apesar de não estar mais no negócio de processamento de cana-de-açúcar, a empresa segue produzindo e abastecendo seus parceiros. A unidade de negócio de cana representa pouco mais de 75% da receita total do grupo e mostra que é no setor sucroalcooleiro que a família ainda tem seu porto seguro.

PUBLICIDADE

Os 90 mil hectares plantados com cana-de-açúcar, distribuídos em duas fazendas em Paraguaçu Paulista (SP) e uma em Rio Brilhante (MS), produziram na safra passada 5,6 milhões de toneladas, que foram comercializadas com unidades da Raízen, em São Paulo, e da Atvos, em Mato Grosso do Sul e renderam R$ 603,12 milhões em receita, 12,4% a mais do que no ano anterior. E foi do seu negócio de cana que veio a maior parte do lucro do ano. O resultado líquido da unidade de negócios foi de R$ 162 milhões, 95,3% a mais do que no ano anterior.

Veja mais: Produção brasileira de laranja será menor que o esperado

Grupo Agroterenas tem na produção e industrialização de laranja uma atividade para diversificar seu negócio principal. Resultados da indústrias registram prejuízos por dois anos seguidosdfd

O município de Santa Cruz do Rio Pardo, também no interior paulista, concentra os negócios de citrus da Agroterenas. A empresa possui 3,7 milhões de pés de laranja, distribuídos em 7,5 mil hectares nas cidades de São Pedro do Turvo, Espírito Santo do Turvo e Santa Cruz do Rio Pardo. É nesta última que está instalada a indústria de processamento de laranja, que produz o suco congelado e concentrado. São 12 mil toneladas de suco por ano, produzidas com matéria-prima 100% própria.

PUBLICIDADE

A receita com a venda da laranja caiu 21% no ano passado para R$ 140,16 milhões. Contudo, o lucro do negócio subiu 24% para R$ 21,7 milhões. No caso da operação industrial, as vendas cresceram 53% e fecharam o último ciclo em R$ 86,1 milhões. Contudo, a Agroterenas voltou a ter prejuízo com o processamento de laranja, fechando no vermelho em R$ 5,8 milhões. Apesar das perdas, o resultado representa uma melhora em relação ao ano anterior, quando o prejuízo foi de R$ 11,8 milhões.

Leia também

Anac aprova minutas do edital e do contrato de concessão do Aeroporto de Viracopos; leilão é previsto para 2022

Argentina perde US$ 100 milhões por mês com restrições à exportação de carne

Tigre pede registro de companhia aberta em busca de opção de financiamento com debêntures

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.