Para Alberto Safra, pai não estava em condições de mudar testamento em 2019

Herdeiro pretende contestar na Justiça da Suíça o testamento de Joseph Safra após ter sido deserdado

Herdeiro contesta testamento do patriarca Joseph Safra
Por Bob Van Voris e Felipe Marques
05 de Agosto, 2021 | 05:37 PM

Alberto Safra, filho do falecido banqueiro Joseph Safra, pretende contestar judicialmente o testamento de seu pai na Suíça após ser deserdado.

Alberto protocolou um pedido em um tribunal de Nova York para que o deixe buscar evidências nos EUA para o processo. Ele alega que o pai, que sofria de mal de Parkinson e morreu em dezembro passado, aos 82 anos, não estava em condições de fazer as mudanças que foram realizadas no planejamento sucessório da família em 2019, que acabaram privando Alberto de sua parte na herança.

“O Sr. Safra não estava sob nenhuma condição, naquele momento, de voluntária e conscientemente fazer mudanças em seus testamentos, muito menos mudanças que privariam o peticionário, um filho devotado que havia servido lealmente a seu pai durante anos nos negócios da família, de sua herança legítima”, disse ele em documentos judiciais apresentados no tribunal federal de Manhattan.

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Procurada, a família Safra afirmou, em nota, que “não vê sentido em qualquer contestação.”

“Sobre o testamento de 2019, o Sr. Joseph Safra tomou todas as precauções necessárias para que seus atos de última vontade fossem devidamente respeitados”, afirmou a família na nota. “Esta contestação é a posição isolada de apenas um dos filhos que não condiz com a verdade do fatos.”

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Alberto Safra não comenta.

Alberto, 41, é um dos quatro filhos de Joseph Safra. Os Safras possuem bancos no Brasil, Suíça e Estados Unidos, além de um portfólio imobiliário que inclui o edifício Gherkin, em Londres, e uma fatia na Chiquita Brands International, de bananas. A fortuna da família é estimada em cerca de US$ 16 bilhões, de acordo com o Índice Bloomberg Billionaires.

Alberto se afastou do conselho do Banco Safra, com sede em São Paulo, em 2019. Poucas semanas depois de sua saída, seu pai “mudou apressadamente seus testamentos a fim de isolar o peticionário de sua herança legítima e, correspondentemente, aumentar a parte dos irmãos do peticionário nos bens de Joseph Safra”, de acordo com os documentos do tribunal.

Seus irmãos comandam hoje o império bancário da família, com o mais velho, Jacob, responsável pelas operações internacionais, e o mais novo, David, supervisionando a empresa brasileira. Sua irmã, Esther, é educadora e dirige uma escola em São Paulo.

Em vida, Joseph Safra já havia doado a maior parte de seus ativos para a mulher, Vicky Safra, e os filhos, incluindo Alberto, segundo os documentos. Entre os ativos doados estão ações do Banco Safra, em movimentos que foram feitos ao longo de mais de uma década.

Alberto disse que as mudanças no testamento de seu pai foram feitas como resultado da “influência indevida de indivíduos que exploraram a vulnerabilidade física e mental de Joseph Safra”, segundo documentos judiciais. Ele disse que só ficou sabendo das mudanças depois que seu pai morreu.

Depois de deixar o banco da família em 2019, Alberto criou a ASA Investments, uma empresa de gestão de ativos com sede em São Paulo, com cerca de 90 funcionários e escritórios no Rio de Janeiro e em Nova York. Alberto deixou o negócio dos Safra no Brasil “sob muita pressão de sua família”, afirmou ele nos autos. Ele levou para o novo negócio alguns executivos-chave do banco, aumentando a tensão entre os irmãos.

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“Nesse contexto, alguns familiares passaram a retaliar o peticionário opondo-se às suas tentativas de visita ao pai, isolando-o dos diversos negócios da família e, como soube mais tarde, tomando decisões que prejudicam seus direitos”, afirmam os documentos.

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