Volta por cima da Disney na bolsa ‘ignora’ disputa por poder no conselho

Ações subiram 35% neste ano, três vezes o ganho do S&P 500 e acima da rival Netflix, diante da percepção de que há muito valor que ainda não foi precificado, segundo o mercado

Segundo gestores e analistas, o mercado começa a perceber que há muito valor na Disney que não foi precificado
Por Carmen Reinicke
02 de Abril, 2024 | 04:29 PM

Bloomberg — À medida que a Disney (DIS) se prepara para concluir uma disputa sobre a composição de seu conselho de administração, os investidores bullish fizeram o preço das ações disparar.

As ações subiram cerca de 35% neste ano, mais que o triplo do ganho do S&P 500. Impulsionadas por lucros melhores que o esperado, por uma nova estratégia para ESPN e Hulu e por cortes de empregos para reduzir custos, as ações tiveram uma performance que superou a alta de 25% da Netflix (NFLX).

“O mercado está começando a perceber que há muito valor na Disney que não foi precificado”, disse Ross Gerber, presidente e co-fundador da Gerber Kawasaki. “A Disney é uma ação barata em comparação com outras empresas de entretenimento, e as pessoas estão começando a reconhecer.”

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A reunião de acionistas desta quarta-feira (3) é mais um teste para o CEO Bob Iger, que voltou ao comando em novembro de 2022.

Segundo o Wall Street Journal, a Disney está liderando a batalha contra o investidor ativista bilionário Nelson Peltz, do Trian Fund Management, com mais da metade dos votos contados.

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O Trian tem buscado promover mudanças na gestão e na estratégia na Disney, em tentativa de melhorar o que enxerga como anos de baixo desempenho. Além de Peltz, o fundo quer um assento no conselho para Jay Rasulo, ex-diretor financeiro da Disney.

Peltz recebeu o apoio de uma influente consultoria de acionistas e de um grupo de líderes empresariais em sua tentativa de ingressar no conselho.

Uma das principais discordâncias de Peltz com a Disney tem sido a forma como a empresa tratou a questão da sucessão. Iger voltou a liderar a Disney em 2022, substituindo Bob Chapek, que havia sido nomeado justamente como seu sucessor.

Embora o retorno de Iger e a reorganização que ele supervisionou tenham inspirado confiança, isso pode não se aplicar ao conselho, que terá novamente uma palavra a dizer na escolha de seu substituto, de acordo com Hanna Howard, gestora de portfólio da Gabelli Funds. “Eles não têm um histórico muito forte até agora de escolher alguém para suceder Iger e navegar nesse complexo negócio”, disse.

Por enquanto, Wall Street está focada no desempenho melhorado da Disney, especialmente no que diz respeito ao fluxo de caixa livre, ao crescimento do lucro operacional dos parques e a um negócio de streaming que está próximo de ser lucrativo.

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O múltiplo atual da ação da Disney, de 24x o lucro futuro estimado, ainda está abaixo daquele da Netflix, que é de 36x. O desempenho das ações deste ano marca uma recuperação depois que a Disney ficou para trás no mercado geral com um ganho modesto em 2023, após dois anos seguidos de queda. Ainda assim, o preço das ações está cerca de 40% abaixo da máxima histórica de 2021.

Analistas do UBS (UBS), do Bank of America (BAC) e do Raymond James aumentaram recentemente os seus preços-alvo. O Barclays elevou a classificação das ações de neutra para acima da média.

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“O conselho da Disney provavelmente se concentrará na transição do CEO e se o Sr. Iger pretende mesmo se aposentar em 2026, como planejado atualmente, não ficaríamos surpresos se a empresa também apresentasse um plano de longo prazo e orientação antes de sua saída, o que poderia ajudar ainda mais o preço das ações”, escreveram analistas do Barclays liderados por Kannan Venkateshwar em um relatório no último dia 25 de março, elevando a recomendação para a ação.

A próxima temporada de resultados também pode proporcionar um impulso adicional para as ações, com a expectativa de que a Disney apresente seus resultados do primeiro trimestre em 10 de maio.

“Desde que retornou como CEO em novembro de 2022, Bob Iger parece estar no comando e no controle, em modo de crescimento”, escreveram analistas do Bank of America, liderados por Jessica Reif Ehrlich, em uma nota de 1º de abril, elevando o preço-alvo de US$ 130 para US$ 145. “Depois de passar o último ano reestruturando a empresa, ele agora está focado em vários motores de alta.”

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