CFO da Petrobras descarta subir combustíveis apesar de alta de 30% do petróleo

Barril acima de US$ 90 acendeu o sinal de alerta de investidores, preocupados com o risco de a estatal voltar a subsidiar combustíveis; estamos ‘confortáveis’, diz Sergio Leite

Sede de Petrobras en Río de Janeiro.
Por Mariana Durão - Peter Millard
22 de Setembro, 2023 | 11:56 AM

Bloomberg — A Petrobras segue com sua política de tentar suprimir a volatilidade dos preços de curto prazo dos combustíveis, mesmo após a recente alta do petróleo, e realizará reuniões com analistas de mercado para aliviar as preocupações, disse o diretor executivo financeiro (CFO) Sergio Caetano Leite em entrevista.

A Petrobras (PETR3, PETR4) segue “confortável” com a importação de combustíveis e não ultrapassou os limites de seu “túnel de volatilidade” para o petróleo, disse ele, acrescentando que a empresa está cumprindo suas metas em termos de rentabilidade.

O petróleo acima de US$ 90 o barril, com alta aproximada de 30% desde junho, acendeu o sinal de alerta dos investidores, preocupados com a possibilidade de a estatal voltar a subsidiar combustíveis como já fez no passado recente, até o governo de Dilma Rousseff.

“O petróleo começa a escalar [de preço], todos os analistas começam a ligar para a Petrobras”, disse Leite, acrescentando que a real preocupação é se Brasília ainda controla o preço da estatal. “O mercado vai gradativamente observar que a estratégia da Petrobras é aumentar na hora que tiver que aumentar.”

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A Petrobras tem custos logísticos mais baixos do que seus concorrentes para importar gasolina e diesel, está importando de forma confortável e cumpre os objetivos de rentabilidade fixados no planejamento estratégico, afirmou o executivo.

A última vez em que a petroleira ajustou os preços domésticos da gasolina e do diesel foi em agosto, antes de o barril superar os US$ 90.

Leite disse que a Petrobras tem “independência considerável” para definir os preços e que considera a atual alta do petróleo “acima do que deveria estar”, mas não um pico de preços.

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O diretor disse esperar que os preços do petróleo se estabilizem ainda neste ano, depois que a Opep+ aumentar a oferta e as refinarias russas voltarem a operar normalmente. A petroleira havia previsto que os cortes de fornecimento da Opep+ pressionariam o mercado de petróleo, afirmou.

Leite estimou que o fluxo global de petróleo deve se normalizar cerca de 45 dias após as refinarias russas retomarem atividades regulares. A manutenção está programada para atingir o pico entre a segunda quinzena de setembro e a primeira quinzena de outubro.

“Há um risco de o petróleo se estabilizar e cair no final do ano, e vamos continuar ganhando muito dinheiro”, disse.

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