Exxon fecha acordo para comprar empresa de xisto por US$ 60 bi e dominar indústria

Aquisição da Pioneer Natural Resources é o maior negócio da petrolífera desde a fusão com a Mobil em 1999 e reforça sua atuação no segmento de shale gas

Posto de combustível da Exxon Mobil
Por Kevin Crowley - David Wethe
11 de Outubro, 2023 | 08:29 AM

Bloomberg — A Exxon Mobil (XOM) concordou em comprar a Pioneer Natural Resources por US$ 59,5 bilhões, a maior aquisição da gigante petrolífera em mais de duas décadas, enquanto busca se tornar a principal produtora de petróleo de xisto (shale gas) do mundo.

A companhia pagará US$ 253 por ação em um acordo inteiramente em ações, de acordo com um comunicado. O negócio abre caminho para a maior aquisição da Exxon desde a fusão com a Mobil em 1999 e é a maior aquisição corporativa anunciada este ano.

Se finalizado, o acordo tornará a Exxon de longe a maior empresa na Bacia do Permiano, localizada nos estados americanos do Texas e Novo México, e elevará a produção total da empresa para quase 4,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) – 50% a mais do que a segunda maior do setor.

Ele também expande significativamente o portfólio da empresa de locais ainda não perfurados na maior bacia de xisto do mundo, permitindo acesso a um grande número de poços potenciais em terra que, diferentemente dos poços em águas profundas, podem entrar em produção em meses e tornar a Exxon muito mais ágil em acompanhar a demanda global.

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A combinação da Exxon com a Pioneer seria a maior incursão até o momento de uma grande empresa de petróleo no Permiano, consolidando uma ampla área da região onde a produção tem sido fragmentada e em grande parte um domínio de produtores independentes.

Quando a produção de xisto na bacia começou a aumentar por volta do meio da última década, grandes empresas como a Exxon estavam ausentes.

As gigantes do setor inicialmente evitaram o Permiano porque estavam céticas de que os poços por lá poderiam demorar a produzir petróleo suficiente para gerar grandes lucros.

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No entanto, ficou claro que poços de xisto de baixo custo e fáceis de perfurar permitiam às empresas aumentar rapidamente a produção quando necessário. Isso marcou uma saída revolucionária dos mega projetos offshore das “Big Oil”, como são conhecidas as maiores do setor, que custavam bilhões de dólares e exigiam uma década de planejamento.

O Permiano acabou se tornando o campo de petróleo mais prolífico do hemisfério ocidental, tornando os Estados Unidos o maior produtor global.

Dominância de xistodfd

As grandes petrolíferas começaram a prestar séria atenção por volta de 2017, quando a Exxon adquiriu direitos de perfuração no Permiano da família Bass de Fort Worth por US$ 6 bilhões. Chevron, Shell e BP também se tornaram grandes players na região.

No entanto, a bacia ainda abriga mais de 1.000 produtores e as grandes empresas representam apenas cerca de 15% da produção total.

A Exxon tem buscado há anos uma aquisição significativa no Permiano, mas as oportunidades nunca se alinharam completamente. A empresa sofreu um impacto financeiro durante a pandemia, com a queda dos preços do petróleo e o aumento dos gastos em projetos globais de grande porte, o que a forçou a tomar empréstimos de bilhões de dólares para manter os dividendos.

A situação mudou com a guerra na Ucrânia. A Exxon já vinha reduzindo os gastos, cortando custos e colhendo os benefícios de investimentos feitos durante a pandemia. Em seguida, a invasão da Rússia fez com que os preços do petróleo disparassem.

Em 2022, os lucros da Exxon atingiram um recorde de US$ 59 bilhões, e suas ações subiram mais de 80% naquele ano, fornecendo a capacidade financeira para um acordo transformador com a Pioneer.

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Negócios de energia na América do Nortedfd

O acordo provavelmente enfrentará uma rigorosa análise antitruste por parte da Comissão Federal de Comércio. O presidente Joe Biden solicitou à comissão que investigasse os altos preços da gasolina e, no ano passado, destacou os lucros recordes da Exxon, acusando a empresa de ganhar “mais dinheiro do que Deus”.

Há especulações sobre um possível acordo entre a Exxon e a Pioneer desde abril, quando o CEO da empresa menor, Scott Sheffield, anunciou que planejava se aposentar até o final do ano.

Sheffield trabalha no Permiano desde a década de 1970 e é creditado como um dos arquitetos do boom do xisto que transformou os Estados Unidos em uma potência petrolífera.

Os mais de 20 anos de Sheffield à frente da Pioneer representam um dos mandatos contínuos mais longos de CEOs de empresas listadas na indústria petrolífera dos EUA.

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Ele começou sua carreira na bacia do Permiano há mais de 40 anos, continuando a trabalhar lá durante as décadas difíceis em que as supermajors, incluindo a Exxon, abandonaram a região em busca de petróleo no exterior.

Quando as inovações em perfuração e fraturamento desenvolvidas em campos de gás natural foram adaptadas para depósitos de petróleo por volta de 2010, a Pioneer já estava bem posicionada para se tornar uma das produtoras de maior crescimento.

-- Com a colaboração de Joe Ryan.

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